Apresentar soluções concretas para amenizar ou eliminar os riscos de contaminação provocada pelo mosquito Aedes aegypti é um desafio para autoridades de saúde pública do Brasil e de outros países.
Nesse sentido, a pesquisa apresenta-se como uma forte aliada, já que tem feito importantes descobertas. Uma das iniciativas é da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que está realizando testes no Rio de Janeiro. A estratégia é injetar nos mosquitos da dengue uma bactéria que funciona como uma espécie de vacina. Assim, o vírus fica impedido de se multiplicar no organismo do inseto.
“O projeto envolve uma bactéria, chamada Wolbachia, amplamente presente em insetos na natureza que, ao ser inserida no mosquito Aedes aegypti, vem bloquear o vírus da dengue. Como a bactéria é transmitida pelos ovos da fêmea, rapidamente uma população de mosquitos pode se tornar positiva e, com isso, teremos uma população de mosquitos que não transmitem a doença,” explica o coordenador do projeto, professor Luciano Andrade Moreira, da Fiocruz.
Ele detalha que, devido ao sucesso do processo, nem sempre é preciso injetar a bactéria, pois agora a transferência ocorre naturalmente por meio dos ovos da mãe para a geração seguinte de mosquitos.
Segundo o professor, trata-se de uma iniciativa sem fins lucrativos, autossustentável, natural e segura. Os primeiros estudos relacionados a essa metodologia tiveram início na Austrália, em 2005. O Brasil passou a integrar o projeto em 2012 e conta com 40 profissionais envolvidos. Nesses dois anos, foram cumpridas todas as etapas de preparação de campo, para conhecer e mapear a população de mosquitos em quatro localidades do Rio de Janeiro.
Além disso, houve uma ação de engajamento com as pessoas que moram nessas regiões e, ainda, uma preparação em laboratório para criação dos mosquitos com a bactéria. “Após obtermos aprovações regulatórias de órgãos do governo federal, iniciamos testes piloto de soltura semanais de mosquitos com Wolbachia na localidade de Tubiacanga, no Rio de Janeiro”, conta o pesquisador Luciano Andrade.
Na sequência dos testes, a intenção é ampliar o trabalho para outras áreas em 2015.
Fundep é parte da solução
A Fundep participa do projeto gerenciando parte do financiamento internacional que vem da Universidade Monash, da Austrália. Entre as ações de responsabilidade da Fundação estão a compra de material, aquisição de veículos, passagens aéreas, importações, pagamento de pessoal e prestação de contas. “Trata-se de uma atuação eficiente, rápida e de qualidade, que permite a viabilidade da pesquisa”, ressalta o professor.
Simone Simões, da Gerência de Atendimento a Projetos Externos (GAP Epex), destaca que “é muito importante para a Fundep apoiar e fazer a gestão de projetos que favoreçam diretamente a comunidade, sobretudo porque a dengue hoje é um dos grandes problemas de saúde pública que mobiliza os governantes e a população rumo a soluções eficazes”.
Outro projeto, que conta com o suporte da Fundação e está sendo desenvolvido pela Fiocruz, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Vacinas (INCTV) e o Departamento de Microbiologia da UFMG, tem como foco a produção de uma vacina contra o tipo três da dengue. A etapa atual da pesquisa é a realização de testes e a previsão é que o medicamento chegue ao mercado dentro de sete anos.
O trabalho foi destaque na mídia. Confira!