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Bodas na rede de ciência e tecnologia  

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Bodas na rede de ciência e tecnologia. A imagem mostra uma vista superior da UFMG mostrado a Praça de Serviços, a Biblioteca Central e uma parte do prédio da Reitoria.
Campus UFMG Pampulha. Crédito: Foca Lisboa

UFMG abre comemorações de 95 anos em um 2021 marcado por bodas de parceiros essenciais. Capes e CNPq celebram 70 anos e Fapemig chega aos 35. Conectando esse rede, Fundep caminha para cinquentenário.

 

 

Diz a canção que é “impossível ser feliz sozinho”. E fazer ciência, então…

 

Mas a solidão não é o problema da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que abre as comemorações de 95 anos em um 2021 marcado por bodas de parceiros essenciais. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), criados em 1951, celebram 70 anos. Já a Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), 35. Conectando essa rede, a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), que caminha para o cinquentenário.

“Ciência é produção coletiva. Não é uma ação apenas dos pesquisadores, mas de todo uma rede que se interconecta para permitir o desenvolvimento da ciência e, portanto, do País. Ao longo de sua história a UFMG teve companhias importantes: os organismos de financiamento à pesquisa; as associações de defesa e promoção da ciência e tecnologia; e a Fundep, que se insere nessa rede de apoio ao desenvolvimento da ciência, pesquisa e inovação; bem como ensino, extensão e cultura, conectando diferentes atores”, afirma a reitora da UFMG, professora Sandra Regina Goulart Almeida.

Reconhecendo que a conjuntura para a ciência tem sido, nos últimos anos, adversa, o professor titular do Departamento de Engenharia Elétrica da UFMG, reitor da UFMG na gestão 2014-2018 e atual presidente da Fundep, Jaime Arturo Ramírez, destaca que as instituições integrantes do sistema de apoio e fomento ao conhecimento científico “têm, apesar dos percalços, demonstrado solidez institucional e coesão, mantendo, de forma inequívoca, o compromisso com a qualidade e pertinência que lhes são constitutivas”.

 

Contexto mineiro: A Fapemig

Uma dessas instituições é Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig). A agência – cujo anúncio de criação foi feito dentro da própria UFMG; durante a abertura da 37ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência; tem como missão induzir e fomentar a pesquisa e a inovação científica e tecnológica do Estado de Minas Gerais. Ela apoia projetos de natureza científica, tecnológica e de inovação, de instituições ou de pesquisadores individuais, que sejam considerados relevantes para o desenvolvimento científico, tecnológico, econômico e social do Estado.

Para o presidente da Fapemig, Paulo Beirão, um dos papéis da Fundação é ter uma percepção de problemas locais com mais clareza do que instâncias mais distantes. Nesse sentido, as universidades e institutos de pesquisas espalhados pelo Estado têm um papel determinante. Entre eles, a UFMG merece destaque especial pelo volume e variedade das suas pesquisas, além da qualidade de cada estudo com o qual se compromete.

“Temos estimulado a cooperação entre os grupos de pesquisa e a fixação de pesquisadores no Estado. A UFMG é uma das principais universidades do País e uma potência internacional. Nosso papel é colaborar para que todo esse potencial se converta em soluções para problemas e oportunidades inovadoras para as comunidades locais”, avalia Beirão.

E para isso, as universidades precisam, além de contar com o financiamento da Fapemig, ter o suporte das fundações de apoio. Essas instituições têm como missão liberar o pesquisador de horas gastas com a gestão do projeto para que se dedique efetivamente à pesquisa. “A fundação de apoio permite que o pesquisador se dedique ao que ele sabe fazer e a Fundep se destaca como um bom exemplo. Ela tem um aspecto especialmente positivo porque faz as coisas irem além, com mecanismos de prospecção de oportunidades”, afirma o presidente da Fapemig.

  

Trajetórias que se cruzam

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entidade ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, é um dos principais parceiros da Universidade Federal de Minas Gerais e da Fundep. Criado há 70 anos e hoje presidido pelo mineiro Evaldo Vilela, o Conselho estabeleceu com a UFMG uma relação estreita desde a década de 1970.

“Essa parceria avança pela qualidade da UFMG e pelos seus programas pioneiros, muitos deles relacionados a pesquisas importantíssimas para Minas. A pandemia jogou luz sobre o trabalho da universidade. Desde aquilo que chama mais atenção da mídia, como a pesquisa para a produção de uma vacina nacional contra a Covid-19, até o que está sendo feito em relação à ciência de base. A pandemia mostrou que não há futuro sem ciência. Nenhuma sociedade nem o planeta vai sobreviver sem a contribuição dos cientistas e a formação de talentos para lidar com o conhecimento”, aponta Vilela.

A boa gestão que cuida do bom emprego dos recursos e da prestação de contas, segundo o professor, é que faz com que os recursos que chegam, sempre escassos, sejam otimizados. E, ao fim, que esses recursos sejam entregues à população em forma de produtos e soluções, gerando o desenvolvimento das pessoas e do País. Daí a importância de uma fundação de apoio como a Fundep.

“É fundamental fazer o dinheiro render, ser bem usado e prestar todas as contas. O mundo está cada dia mais complexo, com mais transparência, temos que valorizar as competências em parcerias para lidar nesse contexto. Aqueles, como a Fundep, que fazem a intermediação desses recursos são fundamentais. Essas instituições não fazem pesquisa, mas não há pesquisa sem a gestão”, analisa o presidente do CNPq.

Assim como o CNPq, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação vinculada ao Ministério da Educação, que atua na expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu em todos os estados brasileiros, completou sete décadas de existência em 2021. Mas apenas a partir da década de 1960, quando efetivamente se implanta um sistema nacional de Pós-Graduação no Brasil, é que sua história se vinculada diretamente à da UFMG e da Fundep.

Seguindo um parecer do conselheiro Newton Sucupira, aprovado em 1965 pelo Conselho Federal de Educação, a pós-graduação brasileira deveria adotar modelo americano, pautado no princípio da unidade entre ensino e pesquisa. Três anos mais tarde, a Lei da Reforma Universitária institucionaliza os cursos de pós-graduação destinados à formação de professores para o ensino superior, a qualificação de mão-de-obra especializada para empresas públicas e privadas e a realização de estudos e pesquisas voltadas para o desenvolvimento nacional.

Assim, para ter “acesso aos recursos disponibilizados por fontes externas às universidades para a formação de recursos humanos e para a pesquisa científica e tecnológica, é preciso apresentar carta-consulta, montar projetos, conhecer bem os programas para fins de adequá-los à linhas de financiamento”, contou a pesquisadora Maria Efigênia Lara de Resende em seu livro “Fundep – 30 anos”. E foi esse o motivo de criação da própria Fundep.

Segundo a presidente da Capes, Cláudia Queda de Toledo, a instituição tem realizado relevantes investimentos na pós-graduação da UFMG. Atualmente, são 2.950 bolsas nos cursos de mestrado e doutorado em programas institucionais e estratégicos. Só no doutorado, houve um aumento de 1.013 para 1.742 no número de bolsas, de 2011 a 2020. A UFMG integra diversas ações da Capes, a exemplo do Programa de Combate a Epidemias e do Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação (PDPG) Parceria Estratégica com o Estados.

“Para as bolsas no exterior, a Capes destinou, nos últimos cinco anos, cerca de 11 milhões de dólares para os estudantes da UFMG, que é uma das 36 instituições que fazem parte do Programa Institucional de Internacionalização (Print), além de iniciativas como o PDSE, o DAAD (Alemanha) e o Cofecub (França). Juntas, Capes e UFMG têm um papel de propulsoras do desenvolvimento socioeconômico do País”, afirma Cláudia Queda de Toledo.

 

Engajamento pela excelência

Durante a solenidade que marcou a abertura das comemorações dos 95 anos da UFMG, Jaime Arturo Ramírez afirmou que o momento é particularmente relevante para a Fundep, cuja equipe tem se destacado pela dedicação e engajamento na inovação em soluções para,  cada vez mais, permitir a  excelência da UFMG.

“A  Universidade hoje é o que é, uma instituição de excelência e reconhecida, no Brasil e no exterior, porque ao lado dela sempre houve uma Fundep. Nossa qualidade, cuja inspiração é a própria UFMG, é resultado do envolvimento institucional de gerações de pessoas”, destacou o presidente da fundação.

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