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Plataforma promete acesso unificado a informações do ecossistema de ciência brasileiro

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Crédito: Charles Deluvio / Unsplash.

Encabeçado pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), e apoiado pela Fundep, projeto BrCris pretende reunir e organizar vastidão de dados sobre C&T no Brasil

 

Até dezembro, a comunidade científica brasileira poderá acessar o conjunto de informações e dados sobre a produção científica nacional que atualmente está disperso por diferentes fontes e plataformas. Encabeçado pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), em Brasília (DF), o projeto BrCRIS (acrônimo para Current Research Information System) tem como objetivo estabelecer um modelo único de organização da informação científica de todo o ecossistema da pesquisa brasileiro.

 

Ação de múltiplos agentes

Entre os agentes desse ecossistema estão pesquisadores, projetos, infraestruturas, laboratórios e instituições de pesquisa e financiadores, além dos resultados da pesquisa expressos principalmente por publicações científicas, teses, dissertações, conjuntos de dados científicos, softwares e patentes. 

De acordo com o coordenador de Análise, Tratamento e Disseminação da Informação Científica do IBICT, Washington Luís Ribeiro de Carvalho Segundo, o maior mérito do projeto – que deve entregar a primeira versão aberta ao público ainda este ano – será permitir que não só a comunidade científica, mas todos os cidadãos brasileiros, tenham acesso ao conjunto da produção científica nacional. 

“Ao conseguir mapear todo o ecossistema – com todas as informações científicas e resultados – vamos gerar indicadores e métricas. Poderemos saber o quanto a gente gasta para que a ciência ocorra. Assim vamos poder acelerar porque há muito retrabalho do ponto de vista dos achados. São dois tipos de informação: os resultados e o que existe até chegar a eles. Por exemplo, existe uma série de atores – como financiadores, estruturas de laboratórios que suportam a produção e agências de fomento. Se você consegue mapear o rastro desse resultado, você pode validar e saber qual crédito pode ser dado àquele resultado. Além disso, outro ponto importante é poder confirmar o resultado e reutilizar dados. Isso acelera a pesquisa e economiza recursos, sempre tão escassos”, explica Carvalho Segundo.

 

CONECTAR E INTEGRAR

No entanto, a plataforma não vai substituir nenhum sistema já existente. A proposta é integrar os bancos de dados que reúnem os diversos tipos de informações sobre a produção científica brasileira, cruzando e filtrando os dados, possibilitando que o usuário os encontre de forma organizada. Assim a pesquisa seria otimizada, evitando a busca em diferentes sites e instituições.

“Essas são informações complexas que, muitas vezes, exigem um vocabulário próprio para a busca. Não é simples como procurar um tema no Google. Por outro lado, com o BrCris, a informação vai estar estruturada, evitando a repetição e a perda de tempo. O sistema vai conversar com outras plataformas estrangeiras, buscando pesquisas e pesquisadores brasileiros que estão trabalhando em parcerias externas. Nesse caso, vamos buscar as informações pertinentes ao Brasil”, pontua o professor.

 

INVESTIMENTO

O projeto recebeu aporte de R$ 2,2 milhões – de emenda parlamentar e recursos próprios –  geridos pela Fundep. Desse total, metade separado para o que seria desenvolvido no BrCris. O restante ficou destinado a criação de um outro sistema, o Pinakes, dentro do mesmo escopo apresentado.

Para a parte geral do sistema foram destinados R$ 550 mil. Da mesma forma, outra parte igual foi destinada à construção de uma base que comporá o BrCris, uma base de Instituições em C,T&I. A parte relacionada à interoperabilidade do Projeto fez uso também da infraestrutura de servidores criada por cofinanciamento com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).

De acordo com o analista de projetos da Fundep, Henrique Alvim Ferreira Mello, o projeto brilha aos olhos da Fundação por ter um grande potencial de contribuição para a comunidade de ciência e inovação e alcançar diretamente o cidadão. “Entendemos o BrCris como extremamente importante para o cenário brasileiro no âmbito da ciência e da tecnologia. É um projeto estratégico. Afinal, serão informações de qualidade à disposição dos pesquisadores e também dos cidadãos. Assim, qualquer um que queira pesquisar ou conhecer sobre um determinado tema poderá saber tudo que está sendo ou foi produzido no Brasil a respeito”, pontua.

 

Projetos futuros 

Depois da entrega da primeira fase, em dezembro, a ideia é captar mais recursos para continuar trabalhando nos subprojetos integrantes do BrCris. Além do próprio IBICT, a equipe conta com pesquisadores e profissionais de diferentes instituições espalhadas pelo Brasil, como Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), IBICT-Rio. 

“Mais que criar um sistema, queremos ter um modelo que seja reaproveitável. Temos parceiros na América Latina e também em Portugal, que está construindo um sistema Cris nacional. Além disso, algumas tecnologias que utilizamos são alinhadas com o que os EUA atuam. Algo que pode nos fazer conversar com o mundo inteiro, mostrando a capacidade da ciência brasileira. Nós temos, por exemplo, a maior base organizada de currículos do mundo, a Plataforma Lattes, e pouca gente sabe disso. Temos muito a mostrar e isso se torna ainda mais importante em um momento em que a imagem do Brasil não é boa e a ciência enfrenta ataques sistemáticos. Queremos disseminar esse tipo de sistema dentro do Brasil, criando sistemas regionais, de instituições ou até mesmo de um tema”, completa o coordenador do projeto BrCris. 

 

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(Daniela Maciel)

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