O Centro de Tecnologia em Nanomateriais e Grafeno da Universidade Federal de Minas Gerais (CTNano | UFMG) celebra dez anos de existência com uma programação de quatro webinários temáticos (produção e sensoriamento; polímeros; cimento; e regulação de nanotecnologia) e uma mesa redonda, que vai debater o papel do Centro como uma ponte entre a indústria e a sociedade.
Os eventos, que tiveram início no dia 29 de outubro, serão realizados às quintas-feiras ao longo do mês de novembro, sempre às 15h, e contam com o apoio da Fundep. Para conhecer a história do CTNano, marcada pelo pioneirismo no país e pela qualidade das pesquisas em nanomateriais, como o grafeno e nanotubos de carbono, entrevistamos o coordenador geral do Centro e professor do Departamento de Física da UFMG, Marcos Pimenta. A Fundep realiza a gestão dos projetos do CTNano e participou ativamente da execução da obra da sua sede, localizada no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC).
CTNano em números:
Instalações: Edifício com quatro pavimentos, mais de três mil metros quadrados e 10 laboratórios com equipamentos de última geração.
Pessoas: O time do CT é composto por: 9 professores, 11 doutores, 5 doutorandos, 7 mestres, 10 mestrandos, 22 celetistas e 35 estagiários. Ao todo a equipe é formada por 99 pessoas.
Organizações parceiras: 10 empresas privadas possuem projetos em desenvolvimento no CTNano.
Patentes: São 27 patentes depositadas envolvendo nanomateriais.
Fundep: Quando vocês entenderam a necessidade de criar o CT e como foi a implantação do espaço?
Marcos Pimenta: Foram dez anos de concepção e realização de um projeto idealizado por nove professores da UFMG, dos Departamentos de Física e de Química, do Instituto de Ciências Biológicas e da Escola de Engenharia da Universidade. O CTNano pode ser considerado como uma consequência do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanomateriais de Carbono (INCT), que é uma rede nacional de pesquisadores que trabalham com grafeno e nanotubos de carbono. Na primeira década do milênio, entre 2000 e 2010, o foco foi a formação de recursos humanos e a criação de um ambiente para a interação dos cientistas com algumas empresas.
Percebemos que para atender as empresas era preciso ter um espaço diferenciado e uma equipe preparada para a resolução de demandas específicas daquelas organizações. Construímos equipamentos para a produção em grande escala de nanotubos de carbono, fornos para produzir grafeno, uma estrutura para a tecnologia de cimento com nanotubos e reatores de diferentes capacidades. No ano passado, depois de trabalharmos provisoriamente em outros prédios e laboratórios na UFMG e BHTec, inauguramos a nossa sede própria.
Fundep: Quais são as principais atividades do CT hoje?
Marcos Pimenta: O CT hoje está dividido por frentes de trabalho. Existe a frente de síntese de materiais, que trabalha com a produção do nanotubos de carbono, com a produção do grafeno e com um aumento de escala. A frente de produção de grafeno e Nanomateriais, tem a função de criar sensores químicos, de gases, mecânicos e de formação. Já a frente de polímeros, proporciona melhoria das propriedades de diversos tipos de componentes e peças de plástico ou de borracha usando a adição de grafeno ou nanotubo.
A linha de pesquisa de cimento, possibilita a produção e a análise de um novo tipo de cimento onde são adicionados os nanotubos de carbono, que aumentam de forma significativa as suas propriedades mecânicas. Temos também a área de caracterização e metrologia que visa caracterizar e medir as propriedades dos nanomateriais e a área de segurança, meio ambiente e saúde, que trabalha nos aspectos de segurança associada aos materiais produzidos e aplicações em saúde.
Fundep: Como é feita a ponte entre a universidade, a sociedade e a indústria na prática?
Marcos Pimenta: A ponte da universidade para sociedade certamente passa pela indústria. Na universidade, buscamos desenvolver em nossos laboratórios novas tecnologias e mostrar que funcionam. A indústria, por sua vez, quer saber se aquilo que foi construído no laboratório pode ser produzido em larga escala. Há também a questão dos custos e da viabilidade comercial. Quando desenvolvemos um novo material, essa tecnologia envolve insumos que tem um preço.
Então, o Centro trabalha a partir de ideias e tecnologias desenvolvidas na UFMG, buscando alternativas e novas tecnologias para o desenvolvimento de produtos de qualidade, com viabilidade comercial e trabalhando no aumento da capacidade de produção em larga escala.
“Na universidade, buscamos desenvolver em nossos laboratórios novas tecnologias e mostrar que funcionam”.
Fundep: Qual é o balanço que você faz dos últimos 10 anos?
Marcos Pimenta: É realmente gratificante ver um trabalho desenvolvido por um grupo de professores da UFMG, formado por pessoas que foram resistentes, resilientes, que não desistiram e que colocaram esta construção como uma meta na vida. Fazendo um balanço depois de 10 anos, fica claro que tudo isso foi possível porque essa equipe se uniu, construiu, acreditou e conseguiu tornar aquele sonho uma realidade.
“É realmente gratificante ver um trabalho desenvolvido por um grupo de professores da UFMG, formado por pessoas que foram resistentes, resilientes, que não desistiram e que colocaram esta construção como uma meta na vida”.
Fundep: Quais conquistas foram possíveis alcançar por meio do CT?
Marcos Pimenta: Foram muitas conquistas ao longo de dez anos. A maior delas foi a execução do projeto Funtec (fundo não reembolsável) do BNDES, envolvendo as empresas Petrobrás e InterCement, que nos permitiu construir um prédio, produzir equipamentos e manter uma equipe de dezenas de colaboradores trabalhando durante sete anos. Este projeto abriu uma oportunidade muito grande para a divulgação das nossas tecnologias e do nosso time, chamando a atenção de outras empresas.
Hoje já contamos com dez organizações trabalhando no CT. É como se fosse uma semente que plantamos. Nós preparamos o terreno e plantamos uma semente que vingou como o próprio símbolo do Bhtec, onde estamos implantados.
Participe dos Webinários! As inscrições podem ser feitas pelo Sympla. Clique aqui.