De marca nova, Fundação de Apoio da UFMG resgata importância do seu papel de mediadora entre diferentes atores do sistema nacional de ciência e tecnologia.
Assinando agora como Fundação de Apoio da UFMG, uma de suas 29 Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) apoiadas, a Fundep está de marca nova. Na última semana, a Fundação realizou um evento para apresentar a novidade aos colaboradores. O momento foi marcado por reflexões acerca do papel da fundação criada há 47 anos para permitir o desenvolvimento da pesquisa na Universidade e que, mais tarde, dada a dinâmica do próprio sistema de ciência, tecnologia e inovação, expandiu sua atuação para apoiar projetos de extensão, ensino, cultura e desenvolvimento institucional, não somente para a UFMG, mas para várias ICTs.
A nova marca Fundep explora o conceito de conexão, evidenciando o lugar de mediação próprio à Fundação. Esse conceito foi apreendido na escuta de mais de 100 pessoas, entre elas colaboradores, parceiros e atores diversos do ecossistema de ciência e tecnologia no qual a Fundep se posiciona como elo. “A Fundep torna possível a pesquisa, o ensino, a extensão, o desenvolvimento institucional da UFMG, e tem a autorização para apoiar, também, diversas ICTs pelo Brasil. Em fevereiro de 1975, a fundação iniciou suas atividades justamente para ser este ator que convida os demais para o coletivo. Numa interpretação livre, a Fundep nos lembra Guimarães Rosa, que lindamente diz que o capinar é sozinho, mas a colheita é comum”, avaliou a reitora da UFMG, professora Sandra Regina Goulart Almeida, durante o evento de lançamento da nova marca.
A marca foi apresentada aos colaboradores por meio de uma trilogia de vídeos que apresenta por que foi necessário trabalhar numa nova marca para a instituição, como o processo foi feito internamente pela Fundação, buscando envolver todos os núcleos e setores e, por fim, como o design busca representar uma Fundação “contemporânea, sólida, múltipla e simples” que, a caminho dos 50 anos, “é cada vez mais mediação, apoio, conexão”.
Continuidades e redirecionamentos
“Acompanhando as mudanças da sociedade, as marcas estão sempre se atualizando. Para melhor representar o que a Fundep é, o time de Comunicação, com apoio de vários outros setores, conduziu um extenso e competente trabalho de investigação e tradução que resultou em uma nova marca que tem o grande mérito de recuperar a história e o vínculo da UFMG com a Fundep e, ao mesmo tempo, apontar para o futuro, já que a inovação se inscreve no DNA da fundação”, avaliou o presidente da Fundep, professor Jaime Arturo Ramírez.
Desenvolvida pelo designer Marcelo Lustosa, em uma parceria entre a Fundep e o Centro de Comunicação da UFMG (Cedecom), a nova identidade visual mantém o azul como cor principal e a harmonia da geometria tipográfica, que representam o vínculo da Fundep com a UFMG (cuja cor símbolo é o azul) e a solidez da própria instituição. A inovação está nas letras minúsculas, tendência do design contemporâneo. Os tipos em formato circular emergem de elos que fazem menção ao posicionamento da Fundep como conectora do ecossistema de ciência e inovação. Por fim, o encadeamento das letras faz referência à fluidez, ao fluxo ininterrupto e à gestão de ponta a ponta, diferenciais que tornam a Fundep reconhecida como gestora de excelência e propositora de soluções para problemas complexos.
Evento em mediação
Além de apresentar a nova marca da Fundep, o evento promoveu uma mostra com curadoria da professora Verona Segantini, do curso de Museologia da UFMG. A iniciativa expôs materiais institucionais históricos que são portadores das marcas já existentes da fundação.
Na programação do evento, também foi discutido o próprio conceito de mediação. Para o vice-reitor da UFMG, professor Alessandro Fernandes Moreira, que também participou do evento de lançamento, “a Fundep é o que nos move. Seu valor está em encontrar as soluções para que a pesquisa, o ensino e a extensão, possam acontecer.
Coordenador do grupo de pesquisa Estudos de Redes Sociotécnicas (R-EST) do Programa de pós-graduação em Comunicação da UFMG, Carlos Brito d’Andréa discutiu sobre o sentido da mediação na sociedade contemporânea. Utilizando imagens de diferentes tipos de redes, que sempre resultam em desenhos de nós e linhas conectoras, D’Andréa destacou que tanto o que a Fundep é, quanto o que ela faz (a conexão), se inserem na rede de ciência e tecnologia. “E quando vamos dando zoom nesse grafo, quando mais nos aproximamos dos nós, podemos perceber que eles também são indivíduos”, disse referindo-se ao fato de que os colaboradores também participam desta rede.
Integrante do Núcleo de Estudos em Estéticas do Performático e Experiência Comunicacional, o também professor do Programa de pós-graduação em Comunicação da UFMG, Carlos Mendonça, destacou que as marcas se inserem nas experiências das pessoas e que, ao ser colaborador de uma determinada instituição, a pessoa é também parte daquela marca. “Vocês são esta marca não apenas porque participaram do processo de escuta que levou a ela, mas porque efetivamente vocês afetam a rede de ciência e tecnologia na qual a Fundep está por meio da sua atuação”.
Cases mostram uma Fundep conectora
Para evidenciar como a atuação da Fundep como conectora permite a materialização da ciência, tecnologia e inovação, dois cases foram apresentados durante o evento: o Projeto Brumadinho – um conjunto de 67 projetos de pesquisa e extensão conduzidos por professores da UFMG e outras instituições de pesquisa que buscam monitorar e enfrentar os impactos econômicos, sociais, culturais e ambientais, bem como das perdas e danos (materiais e imateriais), infligidos às populações atingidas pelo rompimento da barragem, em Brumadinho – e o Innib-41, primeiro cosmético brasileiro capaz de neutralizar o vírus causador da covid-19, numa fórmula sem álcool gel e com tecnologia de ponta: a nanotecnologia.
Os números superlativos do Projeto Brumadinho exigem que a Fundep conecte centenas de atores para que os resultados sejam possíveis. O projeto nasceu em 2019, quando pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento na UFMG manifestaram interesse em desenvolver projetos para analisar a tragédia e mitigar os impactos decorrentes do rompimento da Barragem I da Mina Córrego do Feijão da Vale, em Brumadinho. O movimento chamou a atenção do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, que procurou a ação articulada para que fossem conduzidos estudos que orientassem decisões judiciais para a justa reparação dos danos e perdas, recuperação e reconstrução das comunidades.
Desde seu lançamento, o projeto já mobilizou cerca de R$ 83 milhões, recursos provenientes de multa aplicada pela Justiça à mineradora Vale. Nada menos que 710 bolsistas recebem recursos via Fundep para trabalhar nos 35 projetos atualmente em execução em 19 municípios. “Estamos falando de um projeto sem qualquer precedente. Por isso, não havia um modelo de gestão a seguir. Tudo precisou ser criado para enfrentar as questões colocadas por este projeto. Se a Fundep não tivesse agilidade, adaptabilidade e a execução segura que tem, esse projeto não poderia ser desenvolvido”, avaliou o coordenador geral, professor Ricardo Ruiz, da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG. Além dele, participaram da roda de conversa sobre o case o coordenador do projeto na Fundep, o analista Thiago Mariano, e a professora da Escola de Enfermagem da UFMG, Sheila Latchim, que coordena um dos subprojetos da grande área Saúde da População.
Em outra conexão, desta vez da tecnologia acadêmica de ponta com a iniciativa privada, foi apresentado o case do Innib-41. A solução à base de nióbio foi criada por pesquisadores da UFMG e é capaz de proteger diferentes tipos de superfície do novo coronavírus, por até 24 horas.
Aplicada na forma de líquido spray, o Innib-41 tem ação prolongada para limpeza e desinfecção das mãos e não causa reações adversas, como sensação de ressecamento da pele. A eficiência da invenção – registrada pela startup Nanonib®, criada pelo grupo da Universidade em parceria com investidores privados – foi comprovada em laboratório de nível de biossegurança NB-3, ambiente no qual se trabalha com microrganismos causadores de doenças humanas graves, e caminha para estar disponível em breve para a sociedade.
Direção renovada
Ainda durante o evento de lançamento da nova marca da Fundep, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, recém-reconduzida ao cargo, anunciou o professor Jaime Ramírez como presidente da Fundação para o mandato 2022-2026. “Há pouco mais de um ano, o professor Jaime atendeu a solicitação da Reitoria de assumir essa importante função diante da necessidade de aposentadoria do professor Alfredo Gontijo e conduziu a transição e a Fundep com maestria. É com alegria que podemos dizer que o professor Jaime aceitou continuar emprestando sua expertise como reitor da UFMG [2014-2018] para estar à frente desta Fundação tão essencial para a existência da Universidade”, anunciou a reitora.
Por sua vez, o presidente da Fundação disse que sente-se “honrado com o convite para continuar à frente da Fundep e empenhado em fazer com que a fundação opere de maneira cada vez mais excelente – ágil, assertiva e transparente – para permitir que a UFMG e as 28 ICTs hoje apoiadas pela Fundep cumpram sua missão da melhor forma possível, com a segurança de ter um apoio sólido”.