Fundação desenvolve trabalho de apoio à gestão do Hospital Risoleta Tolentino Neves (HRTN) e da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Centro-Sul, unidades de saúde de referência, ajudando a oferecer à sociedade medicina de ponta
Consolidada e reconhecida como uma instituição que apoia projetos de universidades e institutos de pesquisa, a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) também desenvolve um trabalho de apoio à gestão que ajuda a oferecer à sociedade medicina de ponta.
Na capital mineira, duas importantes unidades de saúde – o Hospital Risoleta Tolentino Neves (HRTN) e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Centro-Sul – funcionam de “porta aberta” (expressão que se utiliza para designar o tipo de atendimento que dispensa o encaminhamento de outra unidade de saúde), recebendo um fluxo expressivo de pacientes de toda a Capital e também das cidades vizinhas.
Especificidades das unidades
Por atenderem toda e qualquer pessoa que procure por assistência, ambas têm um dia a dia de imprevisibilidades, tratando urgências e emergências o tempo todo. De acordo com a coordenadora da equipe de Projetos Especiais da Fundep, Ágatha Dornellas, a impossibilidade de um planejamento exato é um dos grandes desafios enfrentados pela Fundep na parceria.
“É um contexto diferente do que estávamos acostumados até a Fundep assumir a gestão de equipamentos de saúde. Em um projeto de pesquisa é possível construir um planejamento de longo prazo e fazer raros ajustes, muito pontuais. Em uma unidade de saúde pública e de porta aberta os imprevistos são muitos. Trabalhamos com um orçamento anual e temos que ter flexibilidade para adaptá-lo. Nosso papel é tirar um pouco do peso da gestão administrativa. Assim, os gestores locais podem fazer o gerenciamento da assistência com um pouco mais de tranquilidade”, explica Ágatha Dornellas.
Para a gerente da Upa Centro-Sul, Chirley Madureira, a grande vantagem do convênio é ter um formato que garante segurança administrativa e jurídica. A parceria existe desde 2008, quando a Upa foi inaugurada.
“Partimos da premissa que vamos prestar a melhor assistência possível para a população. Ninguém chega aqui e volta para casa sem atendimento. Somos reconhecidos pela estrutura física, gerencial, administrativa e assistencial. A Fundep tem grande parte nisso. O convênio, pactuado entre a fundação e a Secretaria Municipal de Saúde, é renovado anualmente e tem uma inteligência de prever tudo que é possível (pessoal, material, medicamento, insumos). Há ainda cláusulas que deixam claro: se houver algo fora do pactuado, isso será discutido entre as partes”, destaca Chirley Madureira.
Pandemia e as unidades
A pandemia foi o maior campo de prova para essa flexibilidade. O planejamento feito no fim de 2019 foi subvertido a partir de março de 2020. Recursos e pessoas tiveram que ser realocadas para atender uma demanda desconhecida e que se mostrava avassaladora desde o início. Insumos diferentes passaram a ser adquiridos para o combate à covid-19 e medicamentos e outros materiais tiveram os preços triplicados de um mês para o outro.
Mesmo cenário enfrentado pelo HRTN. Instalado na Região de Venda Nova e principal equipamento de saúde pública para todo o Vetor Norte, o hospital é uma das referências no tratamento da covid-19 no Estado.
Equipamento importante para formação de alunos
A gestão do HRTN acontece por meio de um convênio tripartite entre UFMG, Fundep e Governo do Estado firmado em 2006, na gestão do professor Ronaldo Tadêu Pena como Reitor da Universidade (2006-2010). “Na época, a gestão do Hospital representou um passo fundamental na formação de nossos alunos de graduação em todas as áreas da saúde, além da residência médica”, relata o professor.
Além das contribuições para o ensino, pesquisa e extensão na área de saúde, Ronaldo Pena resgata o impacto social da gestão universitária do Risoleta: “a região Norte da cidade e o vetor norte de modo geral ganharam um hospital, com Pronto Socorro, de excelente qualidade, com a marca da UFMG. Em pouco tempo de funcionamento já havia o consenso dos gestores de saúde de que o HRTN tornara-se essencial à cidade de Belo Horizonte”.
altas demandas
Segundo a diretora-geral do HRTN, Alzira de Oliveira Jorge, há 15 anos a Fundep funciona como um braço operacional do hospital, aliviando o dia a dia de parte da burocracia. São 6 mil atendimentos de urgência por mês, em média; 2,6 funcionários e 2 mil estudantes (da graduação à residência). E um orçamento de R$ 18 milhões.
“Como um hospital de grande porte temos características e necessidades muito específicas. Então, eu tenho equipes internas que cuidam das especificações e fazem o controle cotidiano dos insumos e processos. As nossas demandas vão prontas para a Fundep que dá o encaminhamento burocrático devido. Todo o processo financeiro passa pela Fundação. Temos uma parceria baseada no diálogo, que é necessário para que as nuances de cada lado sejam compreendidas. É uma parceria exitosa!”, afirma Alzira Jorge.
E é justamente no diálogo que todos crescem. Os aspectos da urgência e da imprevisibilidade fazem com que a Fundep também se aprofunde na relação com os financiadores – nesses casos entes públicos – das unidades de saúde.
“A gestão só acontece pela relação de proximidade com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). É uma relação muito complexa, com limitações. Precisamos conhecer o fluxo do financiador, os processos, nos aprofundamos nisso. É gente falando com gente e usando o bom senso. Quando a covid-19 chegou, por exemplo, abrimos leitos sem ter um plano de trabalho estruturado. Não tínhamos tempo a perder. Hoje, a área de prestação de contas da Prefeitura entende o processo. O conhecimento que adquirimos da área assistencial com essa experiência nos ajuda a entender outros projetos de pesquisa”, completa a coordenadora de Projetos Especiais da Fundep.