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Hospital Risoleta Neves realiza parceria inédita para tentar reduzir intubações por covid-19

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Equipe do HRTN no lançamento da parceria para recebimento da câmara hiperbárica. Crédito: reprodução.

Universidade, hospital público e indústria se unem para avaliar uso de oxigenoterapia como tratamento contra a doença

 

Uma parceria entre universidade, hospital público e indústria poderá salvar vidas em um futuro próximo. O Hospital Risoleta Tolentino Neves (HRTN) se uniu com a empresa Oxy Câmaras Hiperbáricas, para estudar um possível tratamento complementar à terapia padrão contra a covid-19. O objetivo é comprovar se é possível usar a oxigenoterapia hiperbárica, técnica que permite controle do oxigênio para maior difusão do sangue, para reduzir as internações em Centros de Terapia Intensiva (CTI), as intubações e, consequentemente, as mortes pela doença.

O HRTN – 100% SUS, de gestão administrativa e financeira da Fundep e diretoria técnico-assistencial da UFMG – vai ser o primeiro hospital público do Brasil a utilizar uma câmara hiperbárica no tratamento de pacientes internados com o novo coronavírus. Essa câmara é o equipamento que permite a realização da terapia, como explica o professor da UFMG, Tulio Navarro, que é autor do projeto e coordenador da Cirurgia Vascular do Risoleta: “a oxigenoterapia é um tratamento no qual a gente coloca o paciente dentro de uma câmara isolada do meio ambiente para controlar a pressão do oxigênio muito acima da pressão atmosférica. A finalidade é que o oxigênio faça uma difusão maior pelo sangue e atinja todas as partes do organismo, principalmente, as doentes”.

A oxigenoterapia é uma técnica já utilizada em tratamentos de doenças pulmonares, fibrose pulmonar, dentre outras. Agora, os pesquisadores da UFMG, em parceria com a Universidade Federal de São Paulo, vão avaliar se ela pode ser uma arma complementar no combate à covid-19.

O estudo foi viabilizado graças à parceria público-privada em prol da pesquisa. “A câmara hiperbárica foi doada pela indústria, que tem interesse em fazer pesquisa com esse tratamento no Brasil. Pretendemos tratar pacientes com covid-19 que apresentam insuficiência respiratória, que é a principal causa de instalação no hospital e CTI porque o pulmão é totalmente tomado pelo vírus. Nesses casos, há uma falha de oxigenação e, justamente por causa disso, o paciente precisa de suplementação de oxigênio e eventualmente intubação, que é um grande problema”, explica Navarro. Em países como Estados Unidos, Suécia e França, o uso da oxigenoterapia como opção de tratamento já está em estudo. Até o momento, as evidências são positivas e não ocorreram danos aos pacientes.

A diretora geral do Risoleta Neves, Alzira Jorge, comemora a parceria. “É uma alegria ter o Hospital como campo de estudo em uma pesquisa pioneira como essa e em um momento delicado em que a ciência vem sendo desacreditada. Somos referência em assistência, ensino e pesquisa e a ciência é uma aliada da saúde. É muito importante que a indústria colabore com a melhoria da saúde de nossos pacientes, por meio de novas tecnologias e que a sua responsabilidade social se traduza em benefícios para a população”, afirma.

O diretor administrativo e de produção da Oxy Câmaras Hiperbáricas, empresa que fabrica e disponibilizou o equipamento, Ricardo Abbondanza, lembra do ineditismo da ação. “Esse estudo e a destinação do equipamento ao Hospital são marcos por unir a inovação da indústria e a potência da universidade para que mais pessoas tenham acesso a novos tratamentos de saúde”, diz.

Para a analista de projetos da Fundep, Flávia Valesca Rodrigues Silva, o estudo representa um avanço.  “É um divisor de águas muito importante por ser uma pesquisa que uniu atores dos setores público e privado. E no Brasil, historicamente, há um distanciamento entre eles, no sentido de geração de oportunidades mesmo. A pesquisa precisa de financiamento e sempre ficamos muito presos e dependentes dos recursos públicos. Estamos aprendendo essa nova forma de correr atrás de fontes financiadoras de pesquisa e ainda têm algumas questões burocráticas e legislativas que servem como entraves”, afirma.

Flávia acredita que a gestão compartilhada do hospital pode ter sido um diferencial na conquista dessa parceria. “A Fundep realiza a gestão administrativo-financeiro do Hospital e o nosso envolvimento nesse processo parte no sentido de deixar o gestor gerencial despreocupado com essa questão administrativa para focar no desenvolvimento do trabalho”, diz.

Câmara hiperbárica da Oxy. Crédito: reprodução
O estudo

A pesquisa em pacientes de covid tem duração prevista de cinco meses. Serão convidados 48 pacientes comprovadamente acometidos pelo coronavírus, internados em enfermaria sem indicação para intubação, com saturação do oxigênio abaixo de 93% e frequência respiratória maior ou igual a 24 respirações por minuto. Só participarão aqueles pacientes com termo de consentimento assinado por ele ou um familiar.

O professor Tulio Navarro, explica, no entanto, que o tratamento convencional não será abandonado. A oxigenoterapia hiperbárica vai ser complementar ao tratamento padrão com suplementação de oxigênio, uso de corticóides e antibióticos, quando necessário.

Passada a pesquisa, a câmara hiperbárica vai ser doada para o Risoleta Neves e vai compor os equipamentos do futuro centro de regeneração tecidual que será criado no hospital. O equipamento vai ser usado em pacientes com feridas, atendidos pela equipe da Vascular, como opção de salvamento de membros.

Em vídeo editado pela TV UFMG, o professor Túlio Navarro dá mais detalhes sobre a oxigenoterapia hiperbárica, fala dos possíveis benefícios do tratamento e comenta as expectativas da pesquisa.

 

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