Rede agrega pesquisadores de diferentes instituições que se dedicam à pesquisa sobre como a nanotecnologia pode permitir ações combinadas de diagnóstico e tratamento de doenças complexas, como o câncer, entre outras aplicações.
O Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais vai sediar a primeira rede brasileira de cientistas de diferentes instituições e formações que desenvolvem pesquisas na área de nanomedicina teranóstica. Formada a partir da junção das palavras terapêutica e diagnóstica, a teranóstica é um novo campo da ciência médica que utiliza a nanotecnologia para combinar terapia específica direcionada a doenças complexas, como o câncer, a partir de testes diagnósticos específicos, numa medicina personalizada e de precisão.
A Rede Mineira de Nanomedicina Teranóstica (RMNT) vai ser coordenada pelo professor Guilherme Mattos Jardim Costa, do Departamento de Morfologia do ICB. De acordo com o coordenador, a rede vai trabalhar, inicialmente, dois grandes objetivos: um relacionado ao diagnóstico, tratamento e prognóstico de cânceres e, em outra vertente, ao controle reprodutivo de animais não-domiciliados.
“Em relação às pesquisas oncológicas, buscaremos melhorar tanto o diagnóstico quanto as terapias existentes por meio de nanotecnologia. No contexto da biologia reprodutiva, a nanotecnologia será explorada para promover esterilização segura não-cirúrgica e predizer a fertilidade de animais não-domiciliados, que representam uma fonte de transmissão de doenças para humanos”, completa.
POSSÍVEIS BENEFÍCIOS
A rede pretende fortalecer as interações multidisciplinares e aumentar a troca de conhecimento entre os ICTs de Minas Gerais. Dessa forma, serão formados recursos humanos para desenvolvimento de novos produtos. Na avaliação de Guilherme Costa, a abordagem teranóstica terá importantes impactos para a sociedade. O professor completa que essa abordagem tem potencial para aumentar a eficiência dos medicamentos convencionais, reduzindo os custos para o SUS. Na vertente do controle populacional dos animais, vai impactar a castração humanizada, química e acessível, ajudando a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e outras prefeituras no controle de zoonoses.
APOIO FUNDEP
A criação do projeto foi possível por meio do aporte de R$ 1,48 milhão da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), geridos pela Fundep. Nos próximos 36 meses, os recursos serão aplicados, principalmente, no pagamento de bolsas de estudo, em laboratórios multiusuários e na compra de reagentes.
Além dos professores Lídia Maria de Andrade e Luiz Orlando Ladeira, do ICB, a RMNT conta com pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), da Universidade Federal de Viçosa (UFV), do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), do Governo Federal, e do Instituto René Rachou (Fiocruz-Minas).
NANOMEDICINA TERANÓSTICA
A nanomedicina teranóstica é um campo recente da ciência médica que utiliza a nanotecnologia para a produção de partículas sintéticas que podem ser usadas em novos métodos combinados de diagnóstico, identificação e tratamento de doenças. Esse ramo da pesquisa em saúde alia ciência e tecnologia para desenvolver soluções mais eficientes e menos invasivas em relação aos recursos terapêuticos convencionais.
O termo teranóstico é um neologismo que une as palavras terapia e diagnóstico. No câncer, a teranóstica é considerada um avanço promissor na medicina, pois se baseia na utilização de substâncias para obter informações sobre tumores e elaborar medicamentos capazes de combatê-los. Esse tipo de material possibilita o tratamento da enfermidade exatamente onde ela está, sem prejuízo para outras regiões do organismo.