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Incentivo à inovação ganha força em ano pandêmico

Postado em Ciência, Tecnologia e Inovação
Apoiadas pela Fundep, programas fomentam a inovação e tecnologia. Foto: Freepik/Divulgação

Programas Rota 2030 e o SibratecNano, geridos pela Fundep, alcançaram resultados positivos em plena crise econômica e sanitária da covid-19

Em um ano de desafios para a economia mundial em função da pandemia do novo coronavírus, a Fundep consolidou mais uma vez sua missão de ser ponte entre Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs), governo, empresas e startups. Como coordenadora de programas de incentivo à inovação, a Fundação tem apoiado o fortalecimento da cadeia produtiva em diferentes áreas no Brasil. Só no primeiro semestre deste ano, a Fundep captou mais de R$ 70 milhões de reais para fomentar a implantação de uma cultura de inovação nos negócios locais. E antes ainda do encerramento do ano, novos projetos serão criteriosamente selecionados para receber o apoio necessário para seu desenvolvimento.

Um dos programas que merece destaque é o Rota 2030, iniciativa do governo federal para fomentar o desenvolvimento de uma política industrial de longo prazo para o setor automotivo e de autopeças. A Fundep coordena duas linhas do programa: Ferramentarias Brasileiras Mais Competitivas; e Biocombustíveis, Segurança Veicular e Propulsão Alternativa à Combustão, também chamadas de linhas IV e V.

“A Fundep celebra dois anos de coordenação das linhas IV e V do Programa Rota 2030 com um arranjo que conecta as necessidades da cadeia automotiva com soluções tecnológicas desenvolvidas em Institutos de Ciência e Tecnologia espalhados pelo Brasil. Captamos mais de R$ 290 milhões e já realizamos 11 chamadas, que se converteram em 58 projetos aprovados. Esses números são parte do futuro dos setores de ferramentarias, biocombustíveis, segurança veicular, entre outros”, avalia o diretor da Fundep, Martín Gomez Ravetti.

Apenas na linha IV, foram aprovados 13 projetos em PD&I, com R$37 milhões de aporte da Fundep e R$31 milhões de contrapartida econômica. Já na linha V, foram publicadas seis chamadas, sendo 37 projetos aprovados em PD&I, com R$60,8 milhões financiados pela Fundação e R$95 milhões em contrapartidas.

Números que serão alterados ainda este ano, uma vez que está em aberto um novo edital da linha IV. “É uma chamada diferente dos anteriores porque trata-se de uma encomenda tecnológica com um escopo já bem definido. O foco será em ferramentas para estampagem de alumínio e moldes para fundição de peças completas”, explica a coordenadora técnica da linha IV, a engenheira Ana Paola Braga, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

A engenheira avalia positivamente o ano de 2021, período em que a equipe envolvida com o programa definiu estratégias para consolidação do projeto. “Estamos entendendo melhor como desenvolver ações que vão atacar pontualmente ou globalmente os problemas que o setor enfrenta. O Rota Challenge, por exemplo, vem conectando as startups e as ferramentarias selecionadas para trazer tecnologias novas para as empresas”, explica.

A startup i-Sensi foi uma das vencedoras de um dos editais lançados neste ano. O projeto foi aceito no Rota Challenge com a proposta de trabalhar uma solução tecnológica capaz de acompanhar a utilização de cada ferramenta nas indústrias do setor automotivo. O objetivo da startup é criar um sensor que, ao ser colocado nos equipamentos, vai monitorar tempo de uso e subutilização, acompanhar cronogramas e identificar todo tipo de gargalo na operação.

O objetivo é aumentar a produtividade e reduzir os custos dentro das fábricas, como explica o CEO da startup, Maurício Bombonato Finotti. “Imagine, por exemplo, o acompanhamento de empilhadeiras que coletam peças de um lugar e levam para outro, supondo o aluguel de R$5 mil por mês, por cada uma delas. Mensurando sua utilização, podemos ver quanto tempo cada uma delas fica parada. Se numa indústria esse ativo está sendo utilizado em apenas 20% do tempo, o sensor vai detectar isso e permitir uma tomada de decisão para evitar o desperdício”, exemplifica.

Se de um lado há startups ansiosas para criar soluções, do outro, estão as indústrias com necessidade de inovar e prontas para investir em novas tecnologias. “O programa é uma oportunidade única para as empresas modernizarem seus processos. Eu sempre procurei uma forma de inovar dentro da empresa usando conceitos de startups e nunca consegui enxergar como a gente poderia se inserir no mundo tech. O Rota 2030 trouxe a possibilidade de envolver a indústria com esse universo de desenvolvimento de soluções”, afirma o diretor comercial da GTF Ferramentaria, Thiago Hobus de Freitas.

Evento Rota 2030: Vitrine Tecnológica
Para que mais pesquisadores e empreendedores tenham conhecimento do Rota 2030 e submetam projetos aos editais, a Fundep e parceiros vão realizar nos dias 15 e 16 de dezembro o Vitrine Tecnológica, um evento de celebração e apresentação de resultados das linhas IV e V do Rota 2030. A ação será totalmente online e gratuita. Clique aqui para saber mais e participar.

 

SibratecNano

Outro programa coordenado pela Fundep que alcançou bons resultados em 2021 foi o SibratecNano – Centros de Inovação em Nanotecnologia, que busca fomentar e implantar a cultura da inovação em empresas brasileiras, principalmente as micro e pequenas, que atuam com nanotecnologia. É uma ponte entre a comunidade científica e tecnológica e os empreendimentos empresariais, visando agregar mais valor à produção. Desde sua criação, em 2016, foram realizados dez ciclos de submissão de projetos, com 175 propostas recebidas e 44 propostas contratadas.

Para participar, as empresas devem apresentar um projeto em colaboração com um ou mais institutos de ciência e tecnologia do Sistema Nacional de Laboratórios em Nanotecnologia (SisNANO). Essa integração foi um dos desafios para a equipe do SibratecNano neste ano de pandemia, segundo o coordenador do projeto, Carlos César Bufon. “A principal questão foi manter a articulação dos laboratórios e incentivá-los a submeter propostas. Trabalhamos muito para que eles continuassem conectados com o setor produtivo, vencendo o desânimo coletivo em relação ao financiamento, à infraestrutura e à situação macroeconômica”, explica.

Petrus Santa Cruz é professor da Universidade Federal de Pernambuco e coordena um projeto na rede de dispositivos e nanosensores em parceria com a empresa Outlier Tecnologia. A pesquisa em curso busca a elaboração de um dispositivo para acompanhamento do nível de vitamina D catalisada pelo sol e da exposição a raios ultravioletas em níveis confiáveis. O meio é um aplicativo que, além de ajudar no controle da vitamina obtida com a exposição ao sol, vai apoiar a produção de uma base de dados para colaborar no desenvolvimento de políticas públicas para acompanhar e tratar doenças causadas pela exposição exagerada ao sol, como câncer de pele.

Cruz reforça que o SibratecNano foi essencial para que o trabalho fosse levado adiante. “O SibratecNano teve um papel determinante na concepção desse projeto, principalmente pela indução da aproximação entre a universidade e a empresa. Lembrando que estamos em um país onde historicamente existem distorções em relação ao diálogo entre a academia e o setor industrial”, afirma.

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