*Fonte: Daniela Maciel – Diário do Comércio
Até o dia 29 de janeiro, estão abertas as inscrições para o 4º ciclo de avaliações de projetos direcionados à criação de produtos e processos nanotecnológicos, com foco no mercado e na geração de valor para negócios e sociedade. O edital publicado pelo Sistema Brasileiro de Tecnologia/Centro de Inovação em Nanotecnologia (SibratecNano) é voltado especialmente para as micro e pequenas empresas (MPEs), que devem apresentar um orçamento indicativo entre R$ 100 mil e R$ 400 mil para aporte a ser realizado pelo SibratecNano. As áreas de interesse são:
Centro de Inovação em Nanomateriais e Nanocompósitos e Centro de Inovação em Nanodispositivos e Nanosensores.
O SibratecNano funciona com recurso do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), e execução da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep). O programa articula e financia projetos cooperativos entre empresas e os pesquisadores dos Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) que compõem o Sistema Nacional de Laboratórios em Nanotecnologias (SisNano), também vinculado ao governo federal. Juntas, essas instituições formam um grupo que cria oportunidades de apoio ao desenvolvimento tecnológico e ao potencial inovador de empreendimentos nacionais de todos os portes, especialmente as microempresas, por meio de soluções nanotecnológicas.
Em Minas Gerais, três laboratórios estão credenciados. Na área de Nanomateriais e Nanocompósitos, Laboratório Associado de Desenvolvimento e Caracterização de Nanodispositivos e Nanomateriais – LANano (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG), em Belo Horizonte; Nanodispositivos e Nanosensores, Laboratório de Química de Nanoestruturas de Carbono – LQN (Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear / Comissão Nacional de Energia Nuclear – CDTN/CNEN), em Belo Horizonte; e Laboratório Associado SisNano da Universidade Federal de Viçosa – (UFV), em Viçosa, na Zona da Mata.
De acordo com a analista de negócios e parceira da Fundep, Heidi Lein, o edital é destinado a empresas que já tenham conexão com algum dos laboratórios credenciados. O objetivo é aumentar as possibilidades de diálogo entre empresas e centros de pesquisa, contribuindo para que o conhecimento produzido pela academia chegue ao mercado e à população de forma ampla.
“A empresa deve escolher uma rede temática e já ter estabelecido contato com o laboratório que irá trabalhar. O projeto não pode estar em fase ideológica, precisa já ter sido iniciado. Existe um grau mínimo de maturidade do projeto definido no edital”, explica Heidi Lein.
A nanotecnologia é uma das mais recentes fronteiras do desenvolvimento científico. Através dela, com o estudo das partículas em escala nanométrica – igual a um bilionésimo de metro -, cientistas podem manipular e organizar átomo por átomo para fazer combinações e obter estruturas com grau superior de qualidade, eficiência e produtividade. É essa capacidade de criar materiais mais fortes, resistentes e duráveis, que promove progressos em diversas áreas, posicionando a nanotecnologia como uma ciência estratégica para a economia do País. Com a versatilidade dos componentes, as possibilidades de aplicação parecem infinitas: do setor de informática, à agronomia e medicina.
Segundo o pesquisador no Laboratório de Nanoscopia/LabNano – Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN/MCTIC), Maximiliano Delany Martins, a nanociência trabalha com os materiais em escala próxima às moléculas e átomos. Assim é possível criar ou modificar materiais de acordo com necessidades específicas.
“Os filtros solares, por exemplo, que há décadas deixavam manchas brancas sobre a pele, hoje são transparentes graças à nanotecnologia. Se um produtor resolver vender o produto feito como antigamente não terá sucesso. Esse é um exemplo simples de como a nanotecnologia chega ao consumidor e transforma produtos e modelos de negócios”, exemplifica Martins.
O professor trabalha LabNano com o projeto “Processo de Modificação de Superfície Aplicado à Titânio para Implantes Osseointegráveis”, já contemplado pelo SibratecNano. O processo resulta na modificação da superfície aplicado a implantes odontológicos de titânio. O material nanoestruturado favorece a osseointegração, ou seja, o processo de fixação entre osso e implante.
“Nesse caso, a tecnologia vai permitir um processo de integração seja mais rápido e fácil em situações de grande desgaste ou de acesso mais difícil. Isso faz com que o processo também se torne mais barato e menos penoso. Aqui a nanotecnologia atua sobre o processo”, pontua o pesquisador.
Iniciativas como o SibratecNano são saudadas como um caminho de fomento e desenvolvimento tanto da ciência como da indústria nacional. “A nanociência é considerada a quinta revolução industrial. De maneira geral ainda há muito espaço para investimento em pesquisa no Brasil.
Esperamos que ações como o SibratecNano aconteçam com frequência. É a oportunidade ideal para juntarmos as empresas que não têm dinheiro e os laboratórios que, muitas vezes, estão distantes das necessidades da sociedade”, comemora o professor.
“Um ponto importante é que os recursos dessa edição já estão em caixa, portanto não serão cortados pelo governo federal. O SibratecNANO funciona em fluxo contínuo. Esperamos ter mais uma edição no segundo semestre, então as empresas já podem ir se preparando. Laboratórios interessados em integrar o Sistema podem entrar em contato com o Ministério”, destaca a analista de negócios da Fundep.