Termo de cooperação técnica entre Fundep e Ministério da Economia oficializa a Linha de Conectividade Veicular do Rota 2030, que tem coordenação técnica da Escola de Engenharia e DCC da UFMG. Expectativa é investir R$ 200 milhões em ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação.
Mais do que meios de transporte, os automóveis já fazem parte do maior conjunto de dispositivos e softwares que auxiliam a integração da mobilidade e conectividade. Além de buscar favorecer a experiência a bordo do veículo, a atenção do mercado está voltada para o desenvolvimento da capacidade de o carro se conectar com o mundo exterior e auxiliar a superar desafios de mobilidade integrada, descarbonização e segurança de dados. A pauta de conectividade veicular é uma prioridade do Governo Federal na execução do Rota 2030, programa com o objetivo de ampliar a competitividade e a capacidade produtiva da indústria automotiva nacional.
Por meio de acordo de cooperação técnica entre a Fundação de Apoio da UFMG (Fundep) e o Ministério da Economia, a Linha VI do Rota 2030 – Estímulo à Produção de Tecnologias Relacionadas à Conectividade Veicular foi oficializada e já está em busca de parceiros. Com coordenação técnica do Departamento de Ciência da Computação e da Escola de Engenharia da UFMG, a expectativa é investir R$ 200 milhões até 2026 em ações que visam acelerar a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação (PD&I) em conectividade veicular.
A nova linha passa a ser a terceira do programa Rota 2030 sob responsabilidade da Fundep, que já coordena a Linha IV – Ferramentarias Brasileiras Mais Competitivas (colocar link) e a Linha V – Biocombustíveis, Segurança Veicular e Propulsão Alternativa à Combustão (colocar link). Na coordenação das linhas, cabe à Fundep entender demandas específicas postas pela sociedade e propor soluções adequadas, executando um papel de elo entre universidades, governos e o setor produtivo.
Além de todo arranjo administrativo, que envolve a captação de recursos, o desenvolvimento de editais, a gestão e acompanhamento da execução dos projetos, entre outras atribuições, a Fundep desempenha o papel de dialogar e conectar os principais atores do setor automotivo para oferecer as melhores soluções tecnológicas.
Linha irá acelerar a inovação em conectividade veicular
Pesquisa realizada pela consultoria McKinsey aponta que em alguns países como Brasil, Alemanha, Estados Unidos e Brasil, boa parte dos consumidores já não estão dispostos sequer a considerar a compra de um novo veículo sem acesso à Internet. As novas tecnologias automotivas estão transformando o setor, com grandes implicações tanto para os fabricantes quanto para os fabricantes. Como a conectividade é a evolução do carro atual, os efeitos são profundos sobre a indústria automotiva e na sociedade de maneira geral.
A Linha VI do Rota 2030 irá auxiliar nesse movimento de transformação. A atuação irá fomentar a pesquisa, desenvolver soluções tecnológicas, gerar competências e pessoas e fomentar novos negócios. O escopo abrange inovações em veículos autônomos, conectividade no interior dos veículos e com o ambiente externo, bem como a infraestrutura de conectividade para centros urbanos e rodovias, novos modelos de negócios baseados no uso de dados gerados pelos veículos e tecnologias de segurança de dados.
O pesquisador do Departamento de Ciência da Computação da UFMG, professor Martín Gómez Ravetti, explica que a Linha de Conectividade Veicular do Rota 2030 está organizada em quatro linhas temáticas, com três eixos estruturantes. “As temáticas e eixos não são limitantes, e sim abrangentes. Criamos uma proposta de atuação que seja suficientemente ampla para incluir outros aspectos mapeados com o setor, atuando como impulsionadoras de projetos. A partir do diálogo com o setor vamos moldar a nossas atividades e definir as prioridades”, explica.
Além de Martín Ravetti, a coordenação técnica da Linha VI do Rota 2030 é composta pelos professores Frederico Guimarães e Marcelo Costa, ambos da Escola de Engenharia da UFMG, e Heitor Ramos, do Departamento de Ciência da Computação da UFMG.
Aporte na Linha VI do Rota 2030
O Rota 2030 é um programa do Governo Federal com o objetivo de ampliar a competitividade e a capacidade produtiva da indústria automotiva nacional. Com metas mensuráveis, cada ciclo do Programa conduzirá as empresas em uma trajetória de adaptação aos novos instrumentos, estímulo para a programação dos investimentos e reorientação para os próximos passos.
O programa reduz a alíquota de importação de autopeças não produzidas no país. Em troca, empresas depositam 2% do valor importado em Linhas do Rota 2030 que promovam o desenvolvimento industrial e tecnológico para toda a cadeia do setor.
Para saber como aportar na Linha VI – Conectividade Veicular, clique aqui.
Temáticas da Linha VI
- Conectividade: Meio ambiente e Descarbonização
A linha temática busca trazer a consciência do impacto dos veículos, procurando soluções, ideias e novos negócios. Novas tecnologias para eficiência energética dos processos produtivos, potência e torque dos veículos devem estar associadas à redução da produção de gases de efeito estufa, contribuindo, nos próximos anos, para a descarbonização do setor. Combinada a isso, a conectividade entre veículos, aliada ao uso massivo de sensores e câmeras, permite o desenvolvimento de enxames de sensores dinâmicos para monitorar variáveis que favoreçam o tráfego inteligente.
- Conectividade dos veículos com o ambiente externo
A conectividade de tudo que circunda um veículo com o próprio veículo será fundamental para proporcionar experiências personalizadas, conforto, segurança no trânsito, eficiência dos sistemas de transporte de todo o mundo e cidades mais inteligentes. A temática irá provocar movimentos no setor para as grandes mudanças que já estão acontecendo.
- Tecnologia da Privacidade e Segurança de Dados
Este novo universo de aplicações dentro e fora dos veículos envolve novos desafios em segurança e privacidade de dados. Carros modernos devem proteger dados e informação sensível de seus usuários, garantindo requisitos de segurança, autenticação, controle de acesso, disponibilidade e privacidade.
- Serviços, Diagnóstico e Manutenção Preditiva de Veículos
No contexto automotivo, a manutenção condicional orienta as intervenções e reparos em veículos e seus sistemas produtivos, a partir do acompanhamento do “estado de saúde”, calculado utilizando variáveis de monitoramento e técnicas estatísticas e computacionais. Ao promover a produção de tecnologias relacionadas à conectividade veicular, espera-se fomentar a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação na indústria, impulsionar novos modelos de negócios na cadeia automotiva e prover soluções em mobilidade integrada que possam contribuir para o alcance do resultado de metas ambientais e de políticas de redução de acidentes de trânsito.
Eixos de atuação da Linha VI
- Projetos estruturantes de PD&I
Promover a inovação da indústria automotiva, estimulando o processo de inovação aberta por meio de projetos de PD&I colaborativos (indústrias, instituições de ciência e tecnologia (ICTs) e startups). Espera-se gerar impacto de curto e médio prazos em inovação na indústria, impulsionamento e fortalecimento da pesquisa nas instituições, além de apoiar a formação de novos talentos e competências na academia e principalmente na indústria, atendendo às demandas e necessidades do mercado. Serão lançadas chamadas públicas, encomendas tecnológicas e ações de conexão com startups.
- Programa de desenvolvimento de competências
O programa de desenvolvimento de competências em análise de dados e inteligência artificial irá atuar na formação de colaboradores para o setor para atualização de competências na manipulação de dados. Também serão desenvolvidas oficinas para aproximar pesquisadores de diferentes setores para lidar com a complexidade dos novos desafios. Serão estruturados cursos de capacitação e oficinas experimentais para a resolução de problemas complexos.
- Programa de aprendizado federado
Criar um ambiente para viabilizar aplicações avançadas de aprendizado com veículos conectados de maneira a fazer melhor uso dos dados coletados. O modelo de aprendizado escolhido tem como premissas a eficiência na comunicação, evitando sobrecarga dos canais utilizados pelos veículos e a garantia da privacidade dos condutores, evitando que dados privados coletados pelos veículos sejam disponibilizados desnecessariamente. O ambiente federado de aprendizado de máquina tem um grande potencial de impacto na criação de aplicações disruptivas na indústria automotiva e na ação governamental para a criação de cidades mais inteligentes.