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MHNJB planeja criar plataforma na web com informações sobre acervos atingidos por incêndio

Postado em UFMG
Crédito: Divulgação/Cobom

Meta inicial de arrecadação é de R$ 300 mil. Fundep é parceira da iniciativa

 
A UFMG acaba de lançar a campanha de financiamento coletivo Renasce museu, que visa arrecadar recursos para estruturar uma plataforma virtual, pública e gratuita, com informações detalhadas e imagens dos acervos do Museu de História Natural e Jardim Botânico (MHNJB) atingidos pelo incêndio ocorrido em 15 de junho do ano passado. Detalhes da iniciativa foram apresentados durante o evento Museus universitários: desafios e oportunidades, promovido pelo MHNJB na noite desta quarta-feira, dia 13.
A campanha, apoiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ficará no ar até 25 de fevereiro. A cada real arrecadado no site da iniciativa, o BNDES acrescentará mais dois reais, triplicando, assim, o valor ofertado.
“Essa iniciativa materializa um movimento coletivo em favor do renascimento do museu. Graças a esse esforço, ele emergirá ainda mais forte dos escombros dessa tragédia e continuará, como bem resume o mote da campanha, compartilhando as histórias que seus acervos contam”, afirma a reitora Sandra Regina Goulart Almeida.
Segundo ela, a relevância do Museu justifica todo o esforço feito no resgate de suas coleções. “Trata-se de um patrimônio da UFMG e do país. Ele é fundamental para a vida da cidade, seja pelos seus inestimáveis acervos, que contribuem para a preservação da memória, seja pela riqueza vegetal abrigada em sua mata. É um valiosíssimo espaço de ensino, pesquisa e extensão”, analisa.
“O fogo não queima histórias. O incêndio agora também faz parte da nossa memória. E precisamos aprender a lidar com essa coleção afetada”, disse a diretora pró-tempore do Museu, Mariana Lacerda, durante o lançamento da campanha. E esse é, segundo ela, o objetivo da plataforma virtual, que vai possibilitar que as “histórias guardadas por nossos acervos continuem sendo lembradas”.

CamisetaModelo de camiseta, uma das recompensas da campanha. Acervo da campanha.

 
Tudo ou nada
Todo o valor arrecadado pela campanha Renasce Museu tem destino definido, e sua aplicação será fiscalizada pelo BNDES. Para construir a plataforma, será necessário estruturar um laboratório de documentação e implementar um sistema de gestão de acervos web. Os trabalhos serão iniciados pelos conjuntos atingidos pelo incêndio.
A meta inicial de arrecadação – R$ 300 mil – viabilizará a contratação de equipe especializada e aquisição de equipamentos e do software para documentação e gestão de acervos. “É  fundamental bater a primeira meta estabelecida. Caso contrário, os valores são devolvidos para as pessoas que contribuíram, e nenhuma quantia será destinada ao museu. Portanto, essa etapa representa tudo ou nada. O BNDES apenas investe no projeto se a sociedade civil demonstrar apoio e engajamento”, explica Mariana Lacerda. Até a noite desta quinta-feira, dia 14, a Renasce museu já havia arrecadado cerca de R$ 72 mil (24% da meta inicial). O site foi ao ar na última terça-feira, dia 12.
A segunda meta, somada à primeira, totaliza R$ 391 mil. Essa segunda fase não contará com o aporte do BNDES. A quantia complementar de R$ 91 mil viabilizará a aquisição de módulos do software para o detalhamento no registro dos acervos arqueológicos e ampliação do treinamento da equipe.
Para estimular a participação do público, o Museu criou uma série de recompensas, como broches, cartões, camisetas, bolsas, cursos e até visitas a sítios arqueológicos. Cada recompensa está vinculada a uma faixa de contribuição.
Assista ao vídeo da campanha:

Edital
No ano passado, o projeto Renasce museu participou do edital Matchfunding BNDES+ Patrimônio Cultural – programa de financiamento a projetos culturais –, na categoria Patrimônio Material, e foi uma das propostas selecionadas. Todas as etapas da campanha contam com a assessoria da equipe da Benfeitoria – consultoria parceira do BNDES especializada em crowdfunding – e o apoio da Fundep e da Administração Central da UFMG.
O incêndio
O incêndio de 15 de junho de 2020 afetou profundamente o espaço Reserva Técnica 1, onde ficava guardada parte importante do acervo do MHNJB, como itens de zoologia, arqueologia, paleontologia, materiais etnográficos e cerâmicas do Vale do Jequitinhonha. Muitas peças se perderam e outras foram severamente impactadas.
Logo após o desastre, o corpo administrativo, técnico e científico do Museu reuniu-se para traçar as estratégias de salvamento das coleções atingidas. As atividades em andamento contemplam os seguintes passos: cada vestígio foi fotografado in situ com uma numeração específica que o identifica e o posiciona dentro da sala e do mobiliário em que se encontrava. Essa identificação acompanhou todas as etapas do trabalho. Os vestígios foram cuidadosamente retirados do local e colocados em bandejas plásticas ou transportados dentro de suas respectivas gavetas para a sala de triagem, na qual cada item foi fotografado individualmente e acondicionado provisoriamente para ser levado à reserva técnica provisória. Nesse ambiente, a equipe de conservação faz as devidas adequações, arrola o material e o coloca em estantes previamente identificadas. Todo o processo é filmado e/ou fotografado.
Professora Mariana Cabral, pesquisadora do MHNJB, recolhe remanescentes carbonizados de esqueletos humanos indígenas que datam de mais de 8 mil anos

Professora Mariana Cabral, pesquisadora do MHNJB, recolhe remanescentes carbonizados de esqueletos humanos indígenas que datam de mais de 8 mil anos. Lara de Paula Passos | MHNJB UFMG .

 
Em relação ao planejamento em médio e longo prazo, a Comissão de Preservação de Acervos, formada por professores e técnicos, trabalha para planejar as próximas etapas a serem cumpridas, considerando não somente a avaliação do estado de conservação e proposições de projetos de preservação, mas a construção de ambiente adequado para receber os acervos e outros projetos que atendam às demandas de todas coleções do museu.
Outros projetos
Além do Renasce museu, foi aprovado outro projeto na consulta pública realizada pela Gabinetona – experiência parlamentar de mandato coletivo desenvolvida pelo PSOL – para destinação de recursos da emenda parlamentar individual na Câmara dos Deputados. Essa iniciativa propõe a reconstrução do prédio incendiado no MHNJB, que será executada pela Pró-reitoria de Administração (PRA). Também estão em andamento, junto com a PRA, a estruturação de um segundo espaço provisório de reserva técnica e a requalificação da Reserva Técnica 2, onde se encontram as coleções lítica e cerâmica da arqueologia.
Uma amostra do trabalho de resgate das coleções danificadas pelo incêndio está documentada neste vídeo:

 
Fonte: Portal UFMG

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