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UFMG se mobiliza para que cortes não paralisem pesquisas na área médica – notícia CBN

Postado em Ciência, Tecnologia e Inovação

Fonte: Laura Marques – rádio CBN

 

Uma força-tarefa foi montada para apostar no financiamento privado e de entidades internacionais para minimizar os cortes na ciência. A principal preocupação com a medida é não condicionar as pesquisas ao desejo do mercado. Por isso, a UFMG vai tentar blindar pesquisas que podem não ser interessantes para a iniciativa privada, mas que são importantes para a saúde pública.

Nos últimos três anos a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais reduziu 77% o número de pesquisas em desenvolvimento. Em 2015, eram 350 estudos ativos. Atualmente são 80. Tudo isso devido a cortes cada vez maiores no orçamento dos governos federal e estadual para a ciência. Diante desse cenário, os pesquisadores decidiram somar forças para encontrar fontes alternativas de financiamento.
A iniciativa foi encabeçada pela Fundep (Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa da UFMG). A gerente de negócios e parcerias da instituição, Janayna Behring, apontou que, além dos editais de entidades internacionais, empresas do setor petroleiro, automotivo e energético são alternativas viáveis. “Por exemplo, a ANP (Agência Nacional do Petróleo) tem uma obrigatoriedade para que as empresas destinem parte do seu faturamento em investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Mesma coisa com a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). Agora tem esse outro programa do governo para o setor automotivo que é o Rota 2030. Então, cada vez mais ele tem fomentado essa conexão entre universidades e empresas”, disse.
A iniciativa privada deve se tornar o bote salva-vidas da ciência produzida na Faculdade de Medicina da UFMG. Isso porque grande parte dos estudiosos aponta que pode perder anos de pesquisas já em 2020, se continuar dependendo dos repasses públicos. É o caso, por exemplo, do professor do Departamento de Saúde Mental, Marco Aurélio Romano. Ele coordena o Centro de Tecnologia e Medicina Molecular da UFMG, que utiliza ondas magnéticas para reduzir os danos provocados pelo Alzheimer e um tipo de depressão em pacientes. O estudo, conduzido em parceria com pesquisadores australianos, pode ser perdido. “A gente tem recursos em caixa que são suficientes para levar o que estamos fazendo – sem nenhuma pesquisa nova começar – até o fim deste ano, talvez. A partir do ano que vem a gente vai ter que começar a fechar alguns projetos. Nós tínhamos em torno R$1 milhão por ano. De 2018 para 2019, a gente deve ter conseguido captar no máximo R$500 mil.”
O gerente de convênios da Faculdade de Medicina da UFMG, Cleverson Pena, aponta que uma das principais preocupações com relação aos financiadores privados e de entidades internacionais é para que eles não mudem os objetivos das pesquisas desenvolvidas na universidade. “A gente vai ter que tomar muito cuidado porque o que a gente precisa pesquisar é a necessidade da população e não o que alguns grupos quererem produzir ou querem conhecer. Então, isso muda, sim, um pouco o enfoque do pesquisador. Principalmente focado mais no produto, na entrega do resultado. Mas de maneira nenhuma pode implicar no abandono daquelas pesquisas que são importantes.”
A primeira reunião com pesquisadores da Faculdade de Medicina da UFMG sobre o assunto foi realizada esta semana. Outros encontros devem ser marcados nos próximos dias.
 

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