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Modelo inovador de financiamento à pesquisa ajuda Museu da UFMG no pós-incêndio

Postado em UFMG

Quando os pesquisadores do Museu de História Natural e Jardim Botânico (MHNJB) da UFMG receberam a notícia, em junho do ano passado, que um incêndio havia consumido parte significativa do acervo da instituição, o cenário não podia ser pior. Era o início da pandemia e a universidade enfrentava cortes orçamentários por parte do poder público.  
Mas, foi justamente nesse caos e, no meio dos escombros da memória queimada, que instituições de incentivo à pesquisa se juntaram para construir um projeto inovador, que aposta em uma forma diferenciada de financiamento coletivo para ajudar o museu a renascer. 
Em 2021, a história do MHNJB ganha um capítulo mais esperançoso com o lançamento desse projeto, que reforça a importância da reinvenção em tempos de crise. Idealizado pela Fundep corealizado pelo MHNJB e a UFMG, o projeto “Renasce Museu” é um matchfunding, que combina o aporte direto do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com o financiamento coletivo.  
Qualquer pessoa pode fazer contribuições financeiras por meio da plataforma online Benfeitoria e, em troca, recebe recompensas simbólicas. A grande diferença desse modelo é que ele é associado ao BNDES. Isso quer dizer que a cada R$1 arrecadado na sociedade civil, o banco aporta mais R$2, triplicando o valor da doação até que a meta mínima de R$300 mil seja alcançada. A campanha termina no dia 25 de fevereiro e, por ser no modelo “tudo ou nada”, precisa alcançar a meta para ter sucesso. 
A diretora pro tempore do MHNJB, Mariana Lacerda, destaca que o objetivo do projeto é dar continuidade ao resgate do acervo que foi danificado pelo fogo. No ano passado, uma equipe começou esse trabalhoso processo com a retirada das peças dos escombros e com o recondicionamento delas em salas provisórias.  
Agora, o trabalho precisa continuar com um relatório de danos, que demanda a ação de revisitar cada tipologia das coleções, além de numeração e registro fotográfico. Segundo ela, o recurso levantado via matchfunding será aplicado em duas frentes: a criação de uma plataforma online e aberta ao público dedicada à gestão desse acervo e a compra de equipamentos e mobiliário para a construção de um laboratório de documentação. 
Mariana destaca que o financiamento coletivo traz uma centelha de esperança num momento difícil para a ciência no Brasil. “É claro que o ideal é a política pública honrar com seu compromisso de guarda do patrimônio, mas nesse momento, o financiamento coletivo surge como uma forma inovadora de viabilizar projetos culturais e no âmbito acadêmico”, afirma. 
A reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, também ressalta a importância do matchfunding, lembrando que ele não substitui o financiamento da universidade pública como responsabilidade do Estado. “Essas iniciativas são muito importantes para atender as demandas que saem do planejamento da Universidade. Foi o que aconteceu no início da pandemia, quando foi necessário levantar recursos para os hospitais universitários ou, nesse caso, para a restauração do museu. São eventos que fogem do planejado, em momentos específicos que, por suas peculiaridades, exigem formas alternativas de levantar receitas”, frisa. 
A gerente de Negócios e Parcerias da FundepJanayna Bhering, destaca que essa iniciativa é um grande exemplo de como pensar fora da caixa pode fazer toda a diferença. “Tempos difíceis exigem novas posturas e formas criativas de transformar a realidade. Com esse pensamento, a Fundep apoia o projeto Renasce Museu e reitera sua missão de gerar soluções e oportunidades para os pesquisadores. Vale lembrar que não existe uma forma única de fomento à CT&I, mas sim um mix que se adequa a cada realidade”, afirma. 
Matchfunding chama sociedade à responsabilidade 
Além de garantir o recurso necessário em momento de crise, o modelo de matchfunding também traz a sociedade para a resolução do problema. A diretora pro tempore do MHNJB, Mariana Lacerda, destaca a importância disso, lembrando que o acervo do museu é um patrimônio da humanidade. “Essas peças contam a história da ocupação da vida no continente sul-americano. Investir na sua preservação é resguardar a memória de todos nós”, frisa.  
Com mais de 50 anos, o MHNJB guarda raros e inestimáveis conjuntos arqueológicos, paleontológicos, etnológicos, biológicos, geológicos e de arte popular. Entre as peças do acervo está o Presépio Pipiripau, criado pelo artesão Raimundo Machado no século XX, com suas 589 figuras móveis com cenas religiosas que remetem ao cotidiano da cidade. Além disso, o Jardim Botânico abriga extensa área de espécies típicas da Mata Atlântica. 
A reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, destaca o formato da campanha, que chama a sociedade para que ela diga o que considera importante. “Os resultados da campanha funcionam como um parecer da sociedade. A participação das pessoas é como um aval para que o BNDES libere os recursos complementares que possibilitarão o desenvolvimento dos projetos e das ações de recuperação do nosso Museu de História Natural e Jardim Botânico”, diz. 
Ela acredita que a campanha “Renasce Museu” ajuda a despertar as pessoas que, talvez por conta própria, não agiriam. “O público que frequenta o Museu, os admiradores da história, da arte e da natureza, também têm um papel na preservação e na valorização desse patrimônio. A campanha tem potencial de dar visibilidade a esse espaço que é de toda sociedade e os resultados mostram que ela já está despertando as pessoas para valorizar esse patrimônio”, conclui. 
De fato, a campanha tem ganhado adeptos e evolui com sucesso. Lançada no dia 13 de janeiro, já conseguiu mais de 70% da meta inicial, ultrapassando os R$ 200 mil. Mas, como se trata de uma campanha “tudo ou nada”, é essencial que a sociedade continue participando para garantir o alcance da meta de R$ 300 mil. Confira mais detalhes da campanha, os diferentes tipos de recompensa e contribua no site: www.benfeitoria.com/renascemuseu 

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