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Morre, aos 90 anos, a professora emérita Magda Becker Soares

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Na imagem uma senhora branca à direita e ao fundo uma estante de livros
Magda Soares: influência em políticas públicas Créditos: Manuela Peixoto | Ceale/UFMG

Vinculada à Faculdade de Educação, Magda deixa obra que é referência internacional na área de alfabetização

 

Morreu na madrugada deste domingo (1º de janeiro), aos 90 anos, a professora emérita da UFMG Magda Becker Soares. Um dos nomes mais importantes da área da alfabetização no Brasil, com reconhecimento internacional, Magda era vinculada à Faculdade de Educação (FaE), da qual foi uma das criadoras. A UFMG decretou luto de três dias pela morte da professora.

Seu corpo foi cremado, em cerimônia restrita à família. Magda Soares lutava há cerca de um mês contra graves consequências da metástase de um câncer antigo. Ela estava sendo cuidada em casa, por opção da família.

“Magda Soares foi e será sempre referência mundial em sua área e motivo de grande orgulho para a UFMG”, disse a reitora Sandra Goulart Almeida, que tinha relação institucional e pessoal com a professora emérita. “Ela foi sempre presente na vida da Universidade e uma grande amiga, apoiadora, sempre solidária nos momentos difíceis. Com ela eu me nutria de esperança em dias melhores. Fica seu legado de uma trajetória extraordinária.”

Autora de extensa bibliografia, Magda trabalhava, até há bem pouco tempo, em novo livro, sobre a utilização da literatura no ensino da leitura e da escrita. O último volume publicado por ela – Alfaletrar: toda criança pode aprender a ler e escrever (Editora Contexto) – foi baseado em experiência da educadora na interação com professores da rede escolar municipal de Lagoa Santa (MG). Ela venceu o Prêmio Jabuti de 2017 (categoria educação e pedagogia) com Alfabetização: a questão dos métodos (Contexto). Magda se graduou no campo das línguas e da literatura e tornou-se doutora e livre-docente em Educação. Em 1990, fundou o Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), abrigado na FaE, que contou com sua presença acadêmica mesmo muito depois que ela se aposentou, no ano 2000.

 

Coincidência simbólica


Atual diretor do Ceale, o professor Gilcinei Teodoro Carvalho destaca o “poder agregador” como traço marcante da vida intelectual e docente de Magda Becker Soares. “Essa força se manifestou concretamente nas orientações de pesquisas e nas disciplinas inovadoras que ela ministrou. Ela tinha imensa capacidade de produção e divulgação de conhecimento, mesmo numa época em que a circulação das informações era bem menos ágil”, ressaltou. “Magda convertia pesquisa em ações que beneficiavam estudantes e também professores, sempre movida por impressionante vitalidade.”

Muito próxima de Magda Soares por 56 anos, ex-aluna e colega na FaE, a professora Eliane Marta Teixeira Lopes lembrou, ainda sob forte emoção, que a amiga lutou contra a ditadura militar e defendeu e abrigou pessoas que se viram ameaçadas pelo regime. “É muito simbólico que Magda tenha partido hoje, quando o presidente Lula toma posse para seu terceiro mandato. Quando Fernando Haddad era ministro da Educação, ligava para ela com muita frequência, e ela ia sempre a Brasília para discutir com as equipes do MEC os rumos da educação brasileira”, contou.

Magda Soares deixa as filhas Marcia, Lucia, Magda Lucia, os filhos Marco Antonio e Paulo Sergio, quatro netos e dois bisnetos. Paulo Sergio Soares Guimarães é professor do Departamento de Física do Instituto de Ciências Exatas da UFMG. Em depoimento à perfil publicado em 2013 pela revista Diversa, da Universidade, Paulo contou que Magda não adiava compromissos e trabalhava muitas vezes nos finais de semana e de madrugada. Ele destacou que a mãe se adaptou com facilidade surpreendente ao ambiente digital – a reportagem encontrou em seu escritório equipamentos de informática diversos em meio a grande quantidade de livros e papéis. Na edição especial da Diversa que comemorou os 95 anos da UFMG, completados em 2022, Magda Soares foi tema de matéria que citou trechos de cartas enviadas por colegas e discípulos.

Magda venceu a 3ª edição do Prêmio Fundep, em 1989, no Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino da Faculdade de Educação Áreas das Ciências Humanas e Sociais.

 

Prêmio Fundep

 

O Prêmio Fundep, instituído em 1986, é uma valorização ao mérito de professores, pesquisadores e funcionários em atividade na UFMG por suas contribuições ao avanço dos campos das ciências, das letras ou das artes e ao desenvolvimento dos pilares da Universidade: ensino, pesquisa e extensão.

Como Fundação de Apoio da UFMG, a Fundep, por meio do Prêmio, presta seu reconhecimento ao compromisso desses profissionais com a consolidação do saber acadêmico e o progresso da ciência e da tecnologia.

 

Com Assessoria de Imprensa da UFMG.

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