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Muito além de ‘Os sertões’: as outras narrativas sobre a Guerra de Canudos

Postado em UFMG
Momentos derradeiros do movimento de Canudos, no interior da Bahia, registrados por Flávio de Barros. Wikipédia, domínio público.

Tema de episódio do programa ‘Aqui tem ciência’, tese defendida na UFMG analisa obras literárias que trazem outras perspectivas sobre o conflito ocorrido no século 19, no interior da Bahia

 

Os sertões, do escritor e jornalista brasileiro Euclides da Cunha, é certamente a obra mais famosa sobre a Guerra de Canudos, conflito que ocorreu em 1896 e 1897, no interior da Bahia. De um lado da batalha, o Exército brasileiro. Do outro, os sertanejos liderados por Antônio Conselheiro. Em disputa, a terra rebatizada por Conselheiro como Belo Monte.

No livro, Euclides da Cunha descreve a guerra como um evento extremamente violento e marcado pelo fanatismo religioso. Mas essa é apenas uma forma de narrar a história de Canudos. Existem outras. O professor Tarcísio Cordeiro, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, decidiu investigá-las durante sua pesquisa de doutorado desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Estudos Literários da UFMG.

No trabalho, Tarcísio fez um levantamento bibliográfico e analisou seis outras obras além de Os sertões, como Memorial de Vilanova, de Nertan Macedo. Nesse texto, o foco não é o relato da guerra em si, mas a vida ordinária do sertanejo. Ao investigar essas outras perspectivas sobre a Guerra de Canudos, o trabalho chama a atenção para o fato de que, quando se narra um determinado evento, alguns fatos e personagens podem ganhar mais destaque, enquanto outros passam por processos de apagamento. Lembrar e esquecer são também atos políticos, e a literatura pode ter um papel importante na releitura dos fatos históricos.

Saiba mais no episódio do Aqui tem ciência:

 

Raio-x da pesquisa

Título: Histórias de um trauma – memórias, testemunhos e ficção sobre a guerra de Canudos
O que é: tese que investiga as narrativas relacionadas à Guerra de Canudos e às representações do imaginário sertanejo. O foco são as diferentes maneiras de rememorar a experiência traumática.
Nome do pesquisador: Tarcísio Fernandes Cordeiro
Ano da defesa: 2020
Programa de Pós-graduação: Estudos Literários da Faculdade de Letras da UFMG
Orientadora: Elisa Maria Amorim Vieira
Financiamento: Capes

Tarcísio Cordeiro destaca que os textos literários dialogam com a sociedade
Tarcísio Cordeiro: textos literários dialogam com a sociedade
Arquivo pessoal 

O episódio 67 do programa Aqui tem ciência tem apresentação de Beatriz Kalil, com trechos literários interpretados por Alessandra Ribeiro. A produção é de Paula Alkmim, e os trabalhos técnicos são de Breno Rodrigues.

O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos da UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da emissora apresenta os resultados de um trabalho de pesquisa da Universidade.

Aqui tem ciência fica disponível em aplicativos de podcast como o Spotify e vai ao ar na frequência 104,5 FM, às segundas, às 11h, com reprises às quartas, às 14h30, e às sextas, às 20h.

A Fundep apoia o Centro de Comunicação da UFMG (Cedecom) que engloba entre seus produtos e serviços a Rádio UFMG Educativa. Segundo Camila Reis, do Centro Integrado de Atendimento da Fundep, a gestão dos projetos do Cedecom objetiva apoiar a experimentação reflexiva, a pesquisa de novas narrativas e a prospecção de práticas de produção colaborativa, visando reorientar processos e produtos de comunicação institucional da UFMG. “O Cedecom tem buscado novas formas de comunicar a ciência e a pesquisa desenvolvidas na UFMG para a sociedade, uma delas são os podcasts, disponíveis em plataformas como o Spotify, levando para a comunidade o resultado de algumas iniciativas da Universidade”, comenta.

 

Com informações do site da UFMG.

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