Tema de episódio do programa ‘Aqui tem ciência’, tese defendida na UFMG analisa obras literárias que trazem outras perspectivas sobre o conflito ocorrido no século 19, no interior da Bahia
Os sertões, do escritor e jornalista brasileiro Euclides da Cunha, é certamente a obra mais famosa sobre a Guerra de Canudos, conflito que ocorreu em 1896 e 1897, no interior da Bahia. De um lado da batalha, o Exército brasileiro. Do outro, os sertanejos liderados por Antônio Conselheiro. Em disputa, a terra rebatizada por Conselheiro como Belo Monte.
No livro, Euclides da Cunha descreve a guerra como um evento extremamente violento e marcado pelo fanatismo religioso. Mas essa é apenas uma forma de narrar a história de Canudos. Existem outras. O professor Tarcísio Cordeiro, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, decidiu investigá-las durante sua pesquisa de doutorado desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Estudos Literários da UFMG.
No trabalho, Tarcísio fez um levantamento bibliográfico e analisou seis outras obras além de Os sertões, como Memorial de Vilanova, de Nertan Macedo. Nesse texto, o foco não é o relato da guerra em si, mas a vida ordinária do sertanejo. Ao investigar essas outras perspectivas sobre a Guerra de Canudos, o trabalho chama a atenção para o fato de que, quando se narra um determinado evento, alguns fatos e personagens podem ganhar mais destaque, enquanto outros passam por processos de apagamento. Lembrar e esquecer são também atos políticos, e a literatura pode ter um papel importante na releitura dos fatos históricos.
Saiba mais no episódio do Aqui tem ciência:
Raio-x da pesquisa
Título: Histórias de um trauma – memórias, testemunhos e ficção sobre a guerra de Canudos
O que é: tese que investiga as narrativas relacionadas à Guerra de Canudos e às representações do imaginário sertanejo. O foco são as diferentes maneiras de rememorar a experiência traumática.
Nome do pesquisador: Tarcísio Fernandes Cordeiro
Ano da defesa: 2020
Programa de Pós-graduação: Estudos Literários da Faculdade de Letras da UFMG
Orientadora: Elisa Maria Amorim Vieira
Financiamento: Capes
O episódio 67 do programa Aqui tem ciência tem apresentação de Beatriz Kalil, com trechos literários interpretados por Alessandra Ribeiro. A produção é de Paula Alkmim, e os trabalhos técnicos são de Breno Rodrigues.
O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos da UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da emissora apresenta os resultados de um trabalho de pesquisa da Universidade.
O Aqui tem ciência fica disponível em aplicativos de podcast como o Spotify e vai ao ar na frequência 104,5 FM, às segundas, às 11h, com reprises às quartas, às 14h30, e às sextas, às 20h.
A Fundep apoia o Centro de Comunicação da UFMG (Cedecom) que engloba entre seus produtos e serviços a Rádio UFMG Educativa. Segundo Camila Reis, do Centro Integrado de Atendimento da Fundep, a gestão dos projetos do Cedecom objetiva apoiar a experimentação reflexiva, a pesquisa de novas narrativas e a prospecção de práticas de produção colaborativa, visando reorientar processos e produtos de comunicação institucional da UFMG. “O Cedecom tem buscado novas formas de comunicar a ciência e a pesquisa desenvolvidas na UFMG para a sociedade, uma delas são os podcasts, disponíveis em plataformas como o Spotify, levando para a comunidade o resultado de algumas iniciativas da Universidade”, comenta.
Com informações do site da UFMG.