A Casa do Padre Toledo, líder dos inconfidentes, localizada em Tiradentes/MG, é um dos mais importantes imóveis do período colonial brasileiro. Digna do poderoso vigário da comarca, ela se destacava das demais na antiga Vila de São José del Rei e entrou para a história por ter sido cenário de eventos importantes ligados à Conjuração Mineira. Foi lá que, 1788, o grupo que sonhava em libertar a comarca da Coroa Portuguesa se reuniu pela primeira vez, após festa de batizado dos filhos dos poetas Alvarenga Peixoto e Bárbara Heliodora.
O casarão foi restaurado e reinaugurado em 2012, após longo processo de restauração e novo projeto expográfico e passou a integrar o projeto do Campus Cultural da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em Tiradentes. Localizado na antiga Rua do Sol, que hoje recebe o nome em homenagem ao Padre Toledo, a edificação logo é avistada em um passeio pela histórica cidade mineira. Está ao lado da Igreja São João Evangelista e, em frente, uma estátua em homenagem a Joaquim José da Silva Xavier – alferes Tiradentes.
Resgate arquitetônico e artístico
Ao longo dos séculos, a casa teve utilizações diversas e passou por intervenções. No local, já funcionou prefeitura, cinema, teatro e seminários, e para cada uso foram realizadas adaptações. Foi tombado na década de 1950 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e na década de 1970 a casa foi doada para a Fundação Rodrigo Melo Franco de Andrade (FRMFA) para a instalação de um museu regional. A gestão da FRMFA foi transferida para a UFMG na década de 1990 e desde então a universidade passou a atuar na cidade com o desenvolvimento e apoio de projetos culturais.
Em 2012, o Museu foi reinaugurado, após amplo projeto de desenvolvimento e implantação de uma nova proposta museográfica. À época, o trabalho da reforma arquitetônica foi coordenado pelo arquiteto e professor André Dangelo, então superintendente executivo da FRMFA. A obra buscou, além de preservar a composição física original do edifício, reparar incorreções estruturais. O processo de restauração artística foi realizado por profissionais do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor), da Escola de Belas Artes da UFMG, sob a coordenação da professora Bethania Veloso.
Espaço de memória e difusão de conhecimento
Segundo a professora Verona Segantini, atual Superintende Executiva da FRMFA e coordenadora do projeto do Campus Cultural da UFMG, o museu se configura como um importante espaço de preservação e difusão do conhecimento relativo à história de Minas Gerais, e de interpretação da paisagem artística, urbana e cultural da cidade. “Sua principal missão é a preservação do patrimônio histórico, artístico e cultural referenciado nas singularidades de suas características arquitetônicas que incluem o emprego de diferentes técnicas construtivas tradicionais, como o pau-a-pique, adobe e moledo, além de elementos artísticos integrados representados em um conjunto de oito forros pintados e de vestígios de pinturas parietais identificadas nos processos de restauração da Casa que se sucederam”, conta Verona. Atualmente, o Museu recebe mais de 30 mil visitantes por ano e também realiza atividades para a formação de estudantes.
Expansão digital
A pandemia do novo coronavírus impactou todos os segmentos do mundo e não seria diferente no Museu. O retorno das atividades está no horizonte de perspectiva, mas com cautela e responsabilidade institucional, segundo a coordenadora. “Tiradentes, uma cidade com enorme potencial turístico, se abriu à visitação nas últimas semanas de agosto. Ainda não há autorização para abertura dos museus e outros espaços culturais e preocupamo-nos em evitar a exposição ao risco da equipe de bolsistas, servidores, colaboradores e visitantes do Campus Cultural UFMG em Tiradentes”, diz. Desta forma, a direção do museu está alinhada com os encaminhamentos do Comitê da Universidade de enfrentamento à pandemia, seguindo as orientações recomendadas.
Assim, no momento, as atividades do museu se voltaram para o digital. “No atual cenário, com o fechamento do Museu devido à covid-19, nossas ações de interação acontecem nas redes sociais, incluindo estratégias para atingir diversos públicos. Os mediadores e estagiários têm se dedicado a atividades de pesquisas e desenvolvimento de conteúdos para ampliar as possibilidades de diálogo com o público. O apoio da FRMFA e do Campus Cultural UFMG em Tiradentes aos eventos e festivais culturais que acontecerão ainda este ano também se dará na forma virtual”, conta a professora Verona Segantini.
Enquanto o contexto de pandemia não cessa permitindo uma visita presencial à história de Minas e acervos artísticos, conheça de onde estiver o Museu Casa Padre Toledo e acompanhe suas atividades nas redes sociais:
- Instagram: https://www.instagram.com/museupadretoledo/
- Facebook: https://www.facebook.com/MuseuPadreToledo/
Parceria Fundep
A Fundep fez parte da reinauguração do Museu, atuando no desenvolvimento do projeto de restauração e segue parceira estratégica na gestão do Museu, em colaboração com a FRMFA. “Há tanto o apoio na gestão financeira e contábil, quanto para a execução dos projetos culturais que acontecem em parceria com a Diretoria de Ação Cultural e o Campus Cultural UFMG em Tiradentes”, conta a professora Verona Segantini.
Para Marcos Mardem, que atua na gestão do projeto na Fundep, o Museu Casa Padre Toledo possui grande importância para a população, por preservar a memória cultural da arquitetura colonial de Minas Gerais, uma vez que conta com um rico acervo e programas de exposições, pesquisa e ensino. “O museu é um espaço que desperta curiosidade e reflexão, contribui com a educação da sociedade por meio do seu acervo, exposições e atividades diversas”, conclui, enfatizando que a colaboração neste projeto é alinhada ao propósito da Fundação em prol da sociedade.