O progresso e competitividade das empresas estão, cada vez mais, relacionados à forma com que elas utilizam os conhecimentos, principalmente gerados nas Instituições de Ciência, Tecnologia e Inovação, com o foco na geração de aprimoramentos ou novos produtos, processos e serviços. Como articular as parcerias e levar a ciência ao mercado?
Diretor global de desenvolvimento de negócios da Hyperloop Transportation Technologies, Rodrigo de Sá compartilha a experiência da interação do ecossistema de inovação com a Hyperloop – empresa de destaque internacional por buscar solução de meio de transporte ultrarrápido por cápsulas que viajam em tubos em velocidades que podem chegar a 1.200 km/h. “Nos últimos quatro anos, criamos mais de 30 patentes com baixo investimento, que foi possível com as interações institucionais. Elaboramos um modelo inovador de parceria com instituições de ciência e tecnologia em todo o mundo, em que cada hora trabalhada elas recebiam ações da empresa. Atualmente, a Harvard reconhece esse nosso modelo de negócio e como conseguimos mobilizar e efetivar tudo em tão pouco tempo”, conta Rodrigo, ressaltando que encontrar as soluções tecnológicas nos moldes padrões seria moroso.
O novo Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação apresenta novas possibilidades de interação e alianças estratégicas entre o mundo empresarial e os centros de pesquisa. A gerente de empreendedorismo tecnológico no SENAI MG/Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) – Fiemg, Mariana Yasbeck, conta que a legislação é resultado de diversas demandas dos atores e do ecossistema de inovação. “A regulamentação oferece desburocratização, mecanismos de integração entre as instituições, e vai incentivar a pesquisa”, diz, ressaltando: “contudo, o Marco Legal não cria o solo fértil, ele vem para tirar pedras de um solo no qual vários agentes já estavam plantando”. Do ponto de vista das grandes empresas, para ela, o maior benefício da legislação é o de favorecer a inovação aberta, para a redução de custo e segurança jurídica do processo, não apenas financeiro, mas o custo de empreender. Mariana ressalta, também: o incentivo à internacionalização das Instituições de Ciência e Tecnologia (ICT); e a flexibilização da negociação da propriedade intelectual, “isso traz um conforto para o negócio e facilita que grandes empresas discutam a questão com a ICT”. Outro ponto de destaque é o favorecimento do surgimento das empresas de base tecnológica nascida dentro da universidade. “É uma oportunidade para que o pesquisador empreenda e facilita o nascimento de novas empresas de spin-off.”
Christimara Garcia, especialista em inovação e recursos financeiros da consultoria ABGI Brasil, destaca, no Marco Legal, a questão da subvenção econômica. “Isso não é uma novidade, mas reforça o papel do governo a fundo perdido, uma prática que se perdeu nos últimos anos, seja pelo contingenciamento dos recursos Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, seja pela crise econômica”.
O diretor de inovação e gestão do conhecimento do Hospital Albert Einstein, José Cláudio Terra, opina: “O Marco Legal é como tirar as amarras de um capitalismo que precisa acontecer. O mundo está em uma velocidade extraordinária e o Brasil está atrasado em relação a isso. Aqui tudo é burocrático”, diz, ressaltando que a legislação incentiva a aproximação da universidade pública do setor privado e, assim, levar a ciência ao mercado.
Ele traz a reflexão de que, no Marco Legal, mais do que analisar cada artigo, devemos nos atentar a filosofia que está por trás. Para ele, essa é a questão fundamental: “Não inovar é desaparecer lentamente. Várias multinacionais, empresas mundiais, desapareceram por não inovar. As empresas convivem com o risco todo o tempo, isso é algo permanente. Porém, não inovar é o maior risco de todos, apesar de muitos acharem que inovar é um risco.”
A gerente de negócios e parcerias da Fundep, Janayna Behring, realizou a moderação deste painel e destacou a importação da união para que a interação estimulada seja realizada. “Todos os players do ecossistema de inovação estão abertos para que esse tipo de negociação aconteça. Juntos somos mais fortes.”
Impacto – Marco Legal da C,T&I
O evento Impacto – Marco Legal da C,T&I foi realizado dia 4 de abril, durante o Minas Digital Summit, em Belo Horizonte e promovido pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) e Fundep Participações (Fundepar), em parceria com a Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT) da UFMG e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sedectes).
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