As empresas emergentes também podem vislumbrar um cenário de novas possibilidades e conforto jurídico a partir da regulamentação do Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação. Rafael Levy é fundador e CTO do 100 Open Startups, uma plataforma patrocinada por empresas globais que, em conjunto, avaliam e classificam startups de todo o mundo. Para ele, a nova legislação regulamenta, de forma mais clara, algumas atividades que já existiam nos órgãos públicos e nas Instituições de Ciência, Tecnologia e Inovação e para falar de oportunidades ele enfatiza que é preciso que começa a aconteça para entender na prática. “Por exemplo, a subvenção econômica já existia, contudo, desde 2013 quase não temos recursos aplicados para isso”, comenta. Rafael enfatiza, também, a liberdade necessária para o desenvolvimento de projetos das startups. “A gente deseja uma legislação que nos dê mais liberdade para atuar com o ecossistema de inovação.”
Já Felipe Matos, fundador da aceleradora Startup Farm, traz a reflexão sobre a possibilidade de que órgãos do poder público participem do capital social e serem sócios de startups. “Por um lado, reconheço que isso traz diversas oportunidades. Por outro lado, traz uma série de inseguranças. É interessante ter o governo como sócio? Como funcionaria essa ingerência?”, questiona, reconhecendo a importância da interação e parceria. “Com o Marco Legal, podemos ter a oportunidade de fazer uma conexão entre esses mundos; trazer o universo das startups a uma aproximação do ambiente universitário de ciência e tecnologia com menos amarras. Assim podemos, quem sabe, gerar mais tecnologia para o universo das startups, e trazer o conhecimento do ambiente de mercado das startups para dentro das universidades.”
A cientista e pesquisadora Marcela Drummond, diretora presente da Myleus Biotecnologia, acredita que ainda existe preconceito no meio acadêmico contra o empreendedorismo. “Já por isso o Marco Legal é positivo, pois permite a discussão do tema nessas esferas e impacta os pesquisadores”, opina. Segundo ela, as empresas que surgem da academia estão trazendo o hard science para o mercado, que é muito diferente da lógica de uma startup tradicional, sem uma ciência muito pesada por trás. “Tais empresas possuem um perfil que faz com que demorem mais a se firmar no mercado do que as startups, o que traz um certo temor de investidores. São desafios diferentes daquilo que trazem às startups tradicionais”.
Para Célio Cabral, gerente de Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade no Sebrae Nacional, o que vai gerar um real impacto é a mudança de postura de pessoas e de instituições à luz do novo Marco. Ele traz a oportunidade de que se procure uma mudança de postura. “E isso se começa pelo governo federal. Os recursos de apoio à inovação têm sido contingenciados. Sem esse apoio, fica muito difícil realizar ações estruturantes de longo prazo.”
Especialista em análise de starups, Ramon Azevedo, diretor da Fundepar – agência que identifica, investe e desenvolve negócios emergentes inovadores – compreende a peculiaridade dessas empresas. “As startups têm um universo paralelo tudo é muito dinâmico e nem sempre é possível esperar. As coisas têm que acontecer e funcionar, se não a empresa vai acabar.”
Impacto – Marco Legal da C,T&I
O evento Impacto – Marco Legal da C,T&I foi realizado dia 4 de abril, durante o Minas Digital Summit, em Belo Horizonte e promovido pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) e Fundep Participações (Fundepar), em parceria com a Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT) da UFMG e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sedectes).
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