Instituição centenária, Museu Paraense Emílio Goeldi, referência em história natural, conta com apoio da Fundep para acelerar modernização da infraestrutura tecnológica e garantir proteção e acesso a acervo
No Norte do País, uma das mais antigas instituições de pesquisa brasileiras – e a única a ter um acervo que, ao mesmo tempo, lança um olhar antropológico, arqueológico, ecológico, evolutivo e ambiental para o bioma amazônico – conta com o apoio Fundep para provar que em 18 meses de pandemia, e sem poder abrir-se ao público externo ou aos pesquisadores, a ciência não parou. Afinal, para produzir ciência de ponta são necessários investimentos em reestruturação e modernização que puderam ser feitos no Museu Paraense Emílio Goeldi. De forma responsável, as obras foram realizadas com os devidos cuidados para proteger os trabalhadores envolvidos do risco de contágio pela covid-19.
MODERNIZAÇÃO
Para ampliar e modernizar o Parque Analítico de laboratórios multiusuários do Museu Goeldi – beneficiando estudos arqueológicos, antropológicos, do meio natural e ecologia de ambientes amazônicos, incluindo pesquisas sobre o inventário taxonômico da biota, reconstrução do parentesco evolutivo entre linhagens biológicas, análise de sua distribuição geográfica, relações ecológicas e o comportamento entre organismos – os investimentos são da ordem de R$ 9,5 milhões, com recursos próprios e da Financiadora de Projetos (Finep). As duas primeiras fases foram executadas aproveitando o afastamento involuntário de público e pesquisadores.
O processo de modernização do Parque Analítico inclui ações de manutenção, adequação e ampliação dos laboratórios multiusuários. O objetivo é melhorar as condições de oferta dos serviços prestados e possibilitar uma produção científica eficiente. “Precisávamos dessa modernização para conduzir o Museu a um lugar de destaque no cenário de C,T&I e expandir a fronteira de conhecimento da sociobiodiversidade para compreensão das diferentes dinâmicas de transformação do espaço e suas consequências sobre a estruturação e evolução da biota e as populações”, explica a pesquisadora Ana Lúcia Prudente, pesquisadora titular e curadora da coleção herpetológica do MPEG, que atualmente possui 95.255 exemplares de anfíbios e répteis, principalmente da região Amazônica.
IMPORTANTE CENTRO DE PESQUISA
Além de um museu de história natural há 155 anos dedicado à preservação e conhecimento da sociobiodiversidade amazônica, incluindo os saberes tradicionais dos povos originários da região, o MPEG é também um dos mais consistentes centros de pesquisa da região. Sua estrutura de pesquisa organiza-se em cinco laboratórios multiusuários que, além de atender os pesquisadores diretamente vinculados ao MPEG, também são uma referência importante para o sistema de pesquisa da região, principalmente das Universidades Federais do Pará (UFPA) e Rural da Amazônia (UFRA), que têm no museu um parceiro de pesquisa.
“A modernização do Emílio Goeldi é importante porque permite que um número maior de pesquisadores tenham acesso a essas estruturas e desenvolvam aqui suas pesquisas. Em termos de pesquisa genética, produzimos aqui o mesmo que os melhores centros de pesquisa do mundo. No entanto, não somos prestadores de serviços, trabalhamos com a essência de sermos uma instituição pública. E isso gera todo tipo de conhecimento porque temos capacidade, recursos e liberdade científica. Não por menos, a estrutura do coronavírus foi descrita há pouco mais de um ano aqui no Brasil, por biólogas trabalhando em um laboratório público”, analisa Ana Prudente, citando as pesquisadoras Ester Cerdeira Sabino e Jaqueline Goes de Jesus que fizeram o sequenciamento do genoma do novo coronavírus utilizando as estruturas do Instituto Adolfo Lutz apenas dois dias depois de o vírus ter sido identificado pela primeira vez em São Paulo, em fevereiro de 2020.
A modernização das instalações do MPEG beneficia também a pós-graduação do Norte do País. O Museu mantém dois programas de pós-graduação com níveis de mestrado e doutorado: Biodiversidade e Evolução, criado em 2015, e Diversidade Sociocultural, criado em 2019.
Proteção digital de acervo
A modernização do espaço físico correspondeu à primeira fase do projeto do Parque Analítico que, na segunda fase, está promovendo a ampliação da capacidade de tecnologia da informação para ampliar a capacidade de armazenamento e melhorar a performance analítica dos dados, bem como a segurança da informação e o backup do bando de dados. Tudo isso para que os usuários, pesquisadores e cidadãos interessados, possam acessar os milhões de dados armazenados em 155 anos de dedicação à história natural.
“O museu mantém acervos científicos com material testemunho tanto da biodiversidade quanto da sociobiodiversidade da região. Há dez anos o MPEG tomou uma decisão vanguardista, tornando-se uma das poucas instituições brasileiras a disponibilizar seu acervo online para o público, sem restrições. Quem tiver interesse e buscar no site do Museu sobre uma espécie de serpente, por exemplo, vai localizar as informações no nosso banco de dados. Isso permite que pesquisadores de todo o mundo conduzam suas pesquisas e que interessados de todas as partes conheçam a diversidade brasileira”, explica Ana Prudente.
A montanha de dados, entretanto, gerou um mega banco de dados que necessita de tratamento adequado. “A atuação da Fundep foi fundamental para que pudéssemos ir ao mercado conhecer as mais avançadas soluções tecnológicas para armazenamento, virtualização e capacidade analítica. Isso é fundamental para continuar avançando com pesquisas de excelência”, afirma a pesquisadora.
A Fundep também já está atuando na gestão da terceira fase do projeto: a instalação de uma microusina de geração de energia fotovoltaica. A energia produzida será capaz de abastecer os laboratórios com energia limpa e renovável. “São 155 anos acompanhando a presença humana na região. Enquanto museu e instituição de pesquisa, reduzir o impacto da nossa atuação no ambiente é uma responsabilidade da qual não podemos escapar”, finaliza a pesquisadora.
FUNDEP CONECTA
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