Iniciativas de enfrentamento à covid-19 e busca por novas soluções para a pesquisa são levantadas em entrevista
Mais agilidade e eficiência na gestão de projetos de pesquisa, ensino e extensão e desenvolvimento institucional da UFMG e das instituições apoiadas. Essa foi a busca da Fundep em 2021, ano que foi marcado pela pandemia do novo coronavírus, pelos cortes orçamentários para a ciência, tecnologia e inovação, e pela retração da economia brasileira. Diante desse cenário, a Fundação manteve o apoio às iniciativas de enfrentamento à covid-19 e buscou novas soluções para o avanço da ciência, por meio da conexão entre universidade, governo e iniciativa privada.
Exemplo disso, em maio, a Fundep assumiu a gestão de recursos da ordem de R$ 30 milhões, oriundos da Prefeitura de Belo Horizonte, para a UFMG dar continuidade ao desenvolvimento da SpiN-TEC, vacina contra a covid-19 com 100% de tecnologia nacional. A solução está sendo conduzida pelo Centro de Tecnologia em Vacinas da UFMG (CT-Vacinas) e deve entrar em breve na terceira fase dos estudos, os testes clínicos. Mais recentemente, em outubro, a Fundep lançou o Verde, hub pautado na quíntupla hélice – associação entre universidade, iniciativa privada, governo, sociedade civil e meio ambiente – para apoiar a transição energética do País e a expansão de soluções sustentáveis para o futuro do consumo e da transmissão de energia.
Iniciativas como essas compõem os esforços da Fundep, que desde janeiro de 2021 é presidida pelo professor Jaime Ramírez. Uma das prioridades neste primeiro ano de gestão foi reforçar “a missão de origem da Fundep junto à UFMG, apoiando atividades de pesquisa, ensino, extensão e desenvolvimento institucional e prestando serviços à sociedade nesses mesmos campos”, afirma o presidente.
Para 2022, concomitantemente a esses propósitos, a Fundep também deve estar “atenta às oportunidades para o avanço científico e tecnológico, ampliando nosso escopo de serviços para suportar toda a jornada de desenvolvimento de uma pesquisa”, completa. Confira a entrevista:
1. Como o senhor percebe a atuação da Fundep no apoio à UFMG e às demais instituições de ciência e tecnologia em 2021?
Este ano está sendo desafiador em diversos sentidos. Quem imaginava, no final de 2020, que ainda teríamos um período tão longo de confinamento devido à pandemia? Na Fundep, a emergente migração para o trabalho remoto das equipes de atendimento a projetos, em conjunto com outras atividades não adaptáveis ao teletrabalho, possibilitou a continuidade da gestão de projetos com foco nas demandas emergenciais da UFMG e das demais Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) apoiadas.
Rapidamente, lançamo-nos ao desafio de apoiar a captação de recursos e o desenvolvimento da pesquisa no campo da saúde, principalmente. Isso foi um dos diferenciais na atuação da Fundação: o financiamento coletivo para colaborar com os hospitais ligados à UFMG no atendimento aos pacientes da covid-19 e, também, o apoio aos grupos de pesquisa da Universidade em busca de novas soluções, como a vacina SpiN-TEC. Além disso, procuramos organizar nossa estrutura para que todos os outros serviços continuassem sendo realizados com muita capacidade e dedicação. A partir do segundo semestre, vejo como marcante a construção do ambiente adequado ao retorno gradual das atividades presenciais da Fundep. Construímos diretrizes prezando a segurança dos nossos públicos, aproveitando todos os aprendizados do modelo remoto, mas, também, valorizando a continuidade das atividades necessárias para o atendimento e fortalecimento da UFMG. Sem dúvida, foi um ano com obstáculos superados por meio da contribuição de todos!
2. Além da gestão da vacina SpiN-TEC, outra iniciativa de enfrentamento à covid-19 apoiada em 2021 pela Fundep foi a ampliação do escopo do Programa de Cooperativa de Laboratórios da UFMG (CooLabs). Qual é a importância da expertise em gestão para apoiar a realização dessas iniciativas?
Fazer a gestão de um projeto de dimensão nacional, contemplando suas necessidades de ponta a ponta – como é o caso da vacina contra a covid-19 – não é nada simples: envolve aquisições específicas, pagamento de bolsas, infraestrutura, etc. E, nos anos de 2020 e 2021, a UFMG não parou suas atividades, desenvolvendo projetos de naturezas distintas que demandaram soluções diferenciadas no contexto da pandemia. Daí vem a importância de ter organizações como a Fundep, que possuem massa crítica e competência acumulada. Fundações de Apoio bem estruturadas são e continuarão sendo um ativo importante para o desenvolvimento das ICTs nacionais e para a solução dos problemas complexos da nossa sociedade.
3. Além do apoio ao enfrentamento da pandemia, a Fundep mostrou sua capacidade de conectar atores essenciais para o desenvolvimento tecnológico, social e econômico em outras frentes. É o caso do apoio na resposta às necessidades da indústria automotiva, com o programa Rota 2030, que completa 2 anos neste mês de novembro, e da contribuição para estudos que buscam viabilizar o processo de transição da matriz energética nacional, com o hub Verde. Qual é o papel da Fundep na viabilização de iniciativas que impactam a sociedade?
Transcendendo o que a Fundep sempre fez e vai continuar fazendo, que é o apoio a projetos de pesquisa, ensino, extensão e desenvolvimento institucional, buscamos novas ações que impactem o avanço científico tecnológico. O Rota 2030 é um exemplo disso. A Fundep faz, com muito êxito e reconhecimento por toda a cadeia automotiva, a coordenação de duas linhas do programa, conectando atores diversos para o desenvolvimento de inovações tecnológicas. Isso vai, gradualmente, amadurecendo e trazendo capital para a Fundep atuar em outras frentes similares.
Em paralelo, o Brasil assume novos compromissos para a redução nas taxas de emissões de gases associados ao efeito estufa e para a neutralização das emissões de carbono. O hub Verde é mais uma iniciativa que a Fundep coordena para conectar empresas, que reúnem capital financeiro, com as universidades, que possuem capital intelectual e trazem soluções tecnológicas. A fonte energética vai mudar e as pesquisas nesse sentido também vão. A Fundação se antecipa e se posiciona como elo de conexão, sempre em parceria com a UFMG.
4. Na projeção para 2022, quais serão os caminhos apoiados pela Fundep para a geração de oportunidades para a UFMG e, amplamente, para o desenvolvimento científico e tecnológico nacional?
Eu acredito que 2022 será um ano mais promissor. Pelo avanço da cobertura da vacina contra a covid-19 e pelo arrefecimento do contágio do vírus. O bom conhecimento e a ciência, bem empregados, nos ajudam a vencer os desafios mais surpreendentes que surgem. Os países que mais rapidamente têm se recuperado são aqueles que têm ampla cobertura vacinal, que foi propiciada pela ciência. A volta do convívio vai possibilitar resgatarmos a manutenção de outras atividades importantes para a sociedade, como aquelas ligadas à cultura. Neste contexto, o papel de uma Fundação de Apoio como a Fundep é essencial para o desenvolvimento da pesquisa.
Penso, também, que precisamos de um olhar mais cuidadoso, mais fraterno e humano para definirmos as prioridades junto à UFMG para o próximo período de gestão, de 2022 a 2026. Todas as ações que fazemos – em todas as instituições que atuamos – têm cada vez mais impacto no planeta que habitamos. Seguimos com isso em mente para 2022.