Graduação e pós-graduação da UFMG se enriquecem com a oferta de projetos de excelência científica e alcance social, apoiados pela Fundep, que se tornam espaços privilegiados de ensino e formação.
O que a maior marcha de indígenas à Brasília tem a ensinar aos estudantes de graduação e pós-graduação? Certamente, o assunto está em discussão nas escolas e universidades, enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) se prepara para votar o emblemático “marco temporal”, tese jurídica que restringe demarcações de terras indígenas.
Mas, na UFMG, o quadro de professores que discute o assunto envolve, além do qualificado corpo tradicional de docentes da Universidade, indígenas de diferentes etnias, que atuam pelo Programa de Formação Transversal em Saberes Tradicionais. As aulas podem ser acompanhadas por alunos da Universidade e população em geral, numa intercessão entre ensino e extensão típico do programa, pelo perfil do projeto nas redes sociais (@saberestradicionais).
Pesquisa e extensão fundamentadas no ensino
Na oitava aula do curso Direito à Existência, os docentes foram a cacique Marinalva Pataxó Hã-Hã-Hãe e Quézia Hã-Hã-Hãe, da Retomada Kamakã Grayra (Esmeraldas/MG), e o cacique Babau Tupinambá, liderança indígena que atua na defesa dos indígenas tupinambás de Olivença, um conturbado conflito fundiário no Sul da Bahia. Babau divide com os docentes da UFMG a coordenação do curso.
O que permite à UFMG ter um mestre indígena em seu quadro docente é o apoio da Fundep na gestão dos recursos destinados à Formação Transversal “Saberes Tradicionais”, uma das nove atividades acadêmicas, organizadas segundo estruturas curriculares, que visam abordar temáticas de interesse geral, incentivando a formação de espírito crítico e de visão aprofundada sobre esses temas.
Apoio Fundamental
“Com apoio da Fundep podemos convidar essas pessoas, propiciar seu deslocamento e hospedagem. Quando necessário, adquirir materiais pouco usuais para que executem suas atividades”, explica a pró-reitora de Graduação da UFMG, professora Benigna Maria de Oliveira. Laura Barreto, analista responsável pelo projeto, explica que a Fundação realiza as contratações, pagamentos das diárias e gestão das compras para a execução das atividades. “É gratificante entender mais sobre a cultura indígena, me sentir parte e apoiar as ações educacionais. Acredito que o ensino, de fato, contribuirá para um futuro melhor para a nossa sociedade”, afirma.
O programa alinha-se às Normas Gerais da Graduação, reformuladas em 2018, quando a UFMG buscou flexibilizar currículos, proporcionando ao estudante a escolha de percursos particularizados. A ação também permitiu aos estudantes transitar por atividades acadêmicas de outros currículos e até mesmo iniciando atividade na pós-graduação. “Construiremos perfis de profissionais com formação inédita. Para isso, contudo, é importante a atuação da Fundep. O apoio a diferentes projetos, de pesquisa e extensão, permite ampliar a formação dos nossos estudantes”, completa a pró-reitora.
Ademais, é desta maneira que a Fundep expõe sua relevância na história do ensino na UFMG. “Alguém poderia dizer que há uma lacuna no trabalho da Fundep relacionada ao ensino. Entretanto, é importante lembrar que a Universidade trabalha na perspectiva da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Ao apoiar projetos de pesquisa e extensão, a Fundação contribui não somente para o trabalho de pesquisadores profissionais com trajetórias bem construídas, mas também para a formação de pesquisadores, sejam novos docentes, estudantes de graduação e pós-graduação”, completa a pró-reitora.
Apoio à inovação
Outra frente de apoio da Fundep às ações de ensino está na execução das iniciativas do Programa de Apoio a Projetos Estruturantes de Laboratórios para o Ensino de Graduação (Paleg), lançado em 2018, quando 22 estruturas foram contempladas. Em 2021, mesmo diante da escassez de recursos que se abateu sobre as universidades federais, mais 10 projetos foram desenvolvidos. O objetivo do Paleg é estimular ações inovadoras, introduzindo novas metodologias pedagógicas ou avanços tecnológicos. “Um conceito ampliado de laboratório, que foge ao tradicional e que está em sintonia com as propostas da Fundep”, esclarece Benigna.
A execução dos projetos a cargo da Fundep permitiu o desenvolvimento mesmo em tempos de pandemia. Isso foi “importante para vários cursos que inclusive tiveram mais condições de desenvolver o ensino remoto emergencial. A Fundep possibilitou a execução das compras, dos equipamentos e materiais necessários, mesmo diante dos entraves que ocorreram em função a pandemia”.
Os planos da UFMG para o futuro da graduação agora são mais ousados: “desenvolver o conceito de inovação no ensino-aprendizagem; implementando práticas que sejam de fato transdisciplinares e estratégias de valorização dos docentes que dedicam seu tempo a esses processos; trazendo ainda, os estudantes para o centro da discussão”, explica a pró-reitora.
As discussões estão ocorrendo no âmbito do Comitê 21, uma instância assessora da Câmara de Graduação, que reúne representantes das unidades acadêmicas. O desafio do grupo é elaborar uma proposta de política para projetos de ensino, com diretrizes para elaboração, avaliação, registro, monitoramento e avaliação de ensino-aprendizagem. “Esperamos, ao longo do desenvolvimento dessa política, que a Fundep venha nos apoiar e possamos contar com a fundação desde a concepção e não apenas na execução”, finaliza.