Reunindo 14 instituições brasileiras, rede amplia realização de testes moleculares da Covid-19 e coleta e organiza dados epidemiológicos. Fundep realiza a gestão do projeto
Com o objetivo de ampliar a capacidade de realização de testes diagnósticos da Covid-19, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) criou uma rede de laboratórios formada por 13 Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) das cinco regiões do Brasil, além da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O projeto conta com a coordenação da UFMG e com o apoio da Fundep, responsável pela gestão dos mais de R$ 32 milhões em recursos.
Segundo o coordenador da rede, o pró-reitor adjunto de Pesquisa da UFMG, professor André Massensini, “a rede surgiu a partir da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI) com o objetivo de ampliar o número de testes para diagnóstico da Covid-19 no Brasil”. Os testes são realizados por meio da detecção de marcadores moleculares do vírus Sars-CoV-2, contribuindo assim para a testagem em massa da população e para a coleta e organização dos dados epidemiológicos. Com isso, o projeto promove informações que são primordiais na tomada de decisões sobre a saúde pública e na disponibilização de informação confiável à sociedade.
As universidades estão realizando os testes desde o início da pandemia. Segundo Massensini, a ajuda do MCTI aos laboratórios de campanha foi fundamental para ampliar as atividades, o que proporcionou um ritmo mais acelerado de testes em cada unidade da rede. “A iniciativa do MCTI veio reforçar o que os laboratórios já vinham fazendo. Recebemos apoio para a compra de insumos, e com esses insumos, conseguimos aumentar a nossa capacidade de realizar mais testes e por um período maior”, explica o professor.
Massensini aponta que os Laboratórios de Campanha do MCTI poderão auxiliar nos testes sorológicos por saliva e testes rápidos, usando Inteligência Artificial em amostras de saliva. Esse tipo de teste demora em torno de cinco minutos e demanda poucos insumos. “A interação entre os laboratórios ocorre por reuniões periódicas para discutir as ações e os protocolos dessas ações. Desses grupos têm saído propostas de projetos e soluções com outros testes, como o teste por meio da saliva. Quando validado, esse tipo de teste, que utiliza a Inteligência Artificial, pode se tornar um teste mais rápido e mais barato”, afirma.
Os laboratórios de pesquisa estão instalados em universidades públicas das cinco regiões brasileiras, e entre as instituições envolvidas, estão a UFMG, a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), na região Sudeste; a Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), no Centro Oeste do país; a Universidade Estadual De Santa Cruz (UESC), a Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no Nordeste; a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), no Norte; a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), na região Sul do Brasil. “Os laboratórios trabalham com o mesmo objetivo, mas de forma independente, cada um atendendo à sua região geográfica”, explica o coordenador do projeto.
aquisições e entregas eficientes para suportar a urgência dos testes
A Fundep realiza todo o gerenciamento do projeto com atividades como as contratações dos bolsistas das 14 universidades, as compras necessárias e todo o trabalho de logística das entregas dos itens adquiridos. A instituição também é responsável pela interface administrativa junto a Finep, além de realizar a prestação de contas para a sociedade. “O projeto foi assinado em julho de 2020, quando realizamos uma reunião com todos as instituições da rede e apresentamos a Fundep, o processo do gerenciamento do projeto e as principais regras da Finep. A partir de então, os coordenadores começaram a realizar os primeiros pedidos de compras. Em setembro, foi assinado o primeiro aditivo de recursos adicionais, que incluiu a UFU no projeto, aportou mais recursos e incluiu novos itens para todas as instituições”, conta Camila Cunha, da área de Atendimento da Fundep.
“A estratégia de compras consiste em realizar aquisições em maior volume possível. A logística, por sua vez, contrata transportadoras, por meio de contratos únicos para a prestação de serviços de envio às unidades pertencentes à rede. Os envios serão realizados de forma periódica com intuito de gerar economia para os projetos em relação aos custos de transportes”, afirma Lucio Amaral Silva, da área de Compras da Fundep. “Os desafios da Fundação, nessa situação, portanto, devem-se não somente ao volume de aquisições, mas principalmente às especificidades fiscais existentes entre os estados e à distância geográfica entre a Fundação e as unidades de pesquisas apoiadas”, complementa.
“Nossa equipe confirma o pedido junto ao fornecedor, recebe, confere, identifica, remete e acompanha a entrega até o usuário final. Logo, as entregas têm ocorrido de acordo com o fluxo estabelecido, com agendamento prévio aos usuários”, explica Adriano Hott, da área de Logística da Fundep. “Esperamos que com as ações que estabelecemos junto às instituições da rede tenhamos um ganho de escala tanto em preços de produtos adquiridos quanto em economia de transporte, além de um abastecimento contínuo dos produtos por eles demandados”, conclui Lúcio Amaral.
Construindo um legado para a saúde pública
O coordenador do projeto, André Massensini, destaca a importância dos testes da Covid-19 no contexto de retomada de algumas atividades: “mesmo que tenhamos uma redução nos casos de contaminação, sabemos que eles não vão parar, então vamos continuar fazendo os testes. Para o retorno às aulas, por exemplo, é importante que os laboratórios de campanha realizem estudos e protocolos epidemiológicos para dizer como as escolas podem retornar e se elas, de fato, podem e devem retornar”.
Além de realizar os testes e atender essa demanda da sociedade, os laboratórios também deixarão um legado de geração de conhecimento para as universidades. “Existem estudantes defendendo mestrados e doutorados a partir das pesquisas, além do fato de os bancos de amostra funcionarem como fonte para futuras pesquisas sobre o coronavírus. Outra forma de utilizar essas informações é por meio de estudos epidemiológicos e pelas curvas de predição. Com esses dados, poderemos então dizer em quanto nós erramos, em quanto acertamos. Assim, estaremos mais preparados caso haja uma nova pandemia, o que não é impossível, e melhor treinados para enfrentá-la, sabendo como agir de maneira mais rápida, mais correta e assertiva”, conclui o professor.
Conheça outra iniciativa: o Programa de Cooperativa de Laboratórios da UFMG e sua atuação frente à Covid-19
O CooLabs UFMG foi criado potencializar a conexão entre os mais de 860 grupos de pesquisa e 600 laboratórios da Universidade com as necessidades que emergem da sociedade. O primeiro segmento da iniciativa está focado no apoio à realização de testes moleculares da Covid-19, oferecendo atendimento laboratorial, hospitalar, institucional e governamental.
O exame permite a detecção logo nos primeiros dias após a manifestação dos sintomas, podendo contribuir para a redução do avanço da doença para a fase inflamatória, e da disseminação do vírus.
A iniciativa é idealizada pela Pró-reitoria de Pesquisa da UFMG (PRPq) e conta com a gestão da Fundep. Saiba mais sobre o CooLabs UFMG.