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Tecnologia criada na UFMG auxilia previsão e combate de incêndios ambientais

Postado em Ciência, Tecnologia e Inovação
Imagem de satélite mostra nuvens de fumaça decorrentes de incêndios florestais no Brasil
Imagem de satélite de incêndios florestais no Brasil em agosto de 2019. Foto: NASA Goddard Space Flight Center

Software desenvolvido no Centro de Sensoriamento Remoto da UFMG ajuda a detectar áreas com maior risco ao prever modelos de espalhamento e comportamento das chamas 

 
Em 2020, o Brasil quebrou tristes recordes referentes ao aumento de queimadas em florestas de todo o país. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Região Amazônica concentrou 45,6% dos casos registrados de incêndios florestais até setembro de 2020, tendo mais de 76 mil pontos de fogo, maior número desde 2010; já o Pantanal teve 23% de sua área total queimada no mesmo período, pior índice desde o início dos registros, em 1998. 
As queimadas podem ter diversas origens. Por vezes, sua incidência tem fatores naturais, como a ignição causada pela queda de raios no período de chuvas. No entanto, a intensidade desses incêndios costuma ser menor porque, nestes casos, a natureza se regula e as chuvas acabam apagando as chamasAqueles de grande devastação, que ocorrem no período secosão decorrentes da ação humana. Existem os incêndios acidentais, provocados quando não existe a intenção: podem ser causados pela queima de pastos, rejeitos ou terrenos que perde o controle e se alastra pela vegetação. Mas também existem os incêndios intencionais, que visam a destruição de matas, seja por vingança, falta de conscientização ou mesmo para a expansão de terrenos irregulares. 
No sentido de atuar na prevenção e combate de incêndios ambientais, o Centro de Sensoriamento Remoto (CSR) do Instituto de Geociências da UFMG desenvolveu um software que projeta modelos de espalhamento de fogo, permitindo que seja estimado o comportamento das chamas. O CSR é um laboratório de pesquisa multidisciplinar que foca em modelagem espacial, prevendo eventos a partir de mapas de espaços geográficos, como impactos ambientais, mudança do solo e produção agrícola.
A tecnologia foi desenvolvida dentro do projeto “Desenvolvimento de Sistemas de Prevenção de Incêndios Florestais e Monitoramento da Cobertura Vegetal no Cerrado Brasileiro, coordenado pelo professor Ubirajara Oliveira e gerenciado pela Fundepé capaz de estimar quando, onde e com que intensidade as chamas vão se propagar na ocorrência de um incêndio florestal. Segundo o professor Ubirajara, o Cerrado se destaca pela maior ocorrência de incêndios naturais, que acontecem por características do bioma que, só entre janeiro e agosto deste ano, o Inpe registrou mais de 21 mil focos de queimadas.

software cruza um conjunto de variáveis ambientais para fazer a previsão do comportamento do fogo com imagens de satélite disponibilizadas pelo Inpe. “Esse modelo utiliza focos de incêndio detectados por satélite como pontos de início do fogo e calcula qual a direção, intensidade e tamanho das áreas que irão queimar”, explica o professor Ubirajara. A tecnologia é de baixo custo e visa auxiliar medidas de planejamento ambiental, trazendo eficiência e economia para Unidades de Conservação “O modelo integra o conhecimento acadêmico, baseado em experimentos, e o conhecimento prático das brigadas de incêndio”, explicou Jean Ometto, professor e pesquisador sênior do Inpe que também integra o projeto.
Gestores do Parque Nacional da Serra do Cipó, na Região Central de Minas Gerais, utilizaram o modelo desenvolvido no CSR para planejar o combate ao incêndio que atingiu a área no início de outubro de 2020, que devastou mais de 16 mil hectares de mata. “Eram muitos focos de fogo, o que dificultava o combate. Pegamos os resultados do modelo e repassamos para os gestores da Serra do Cipó, o que ajudou a impedir o espalhamento das chamas e aumento dos danos ambientais”, contou Ubirajara. A ferramenta também foi utilizada no controle do incêndio que atingiu o Parque Nacional da Serra da Canastra (MG), em de agosto de 2020, que afetou cerca de 24 mil hectares.
Os modelos de previsão do software estão disponíveis online, com três atualizações diárias, nsite do projeto Monitoramento Cerrado. A expectativa é de que os resultados gerados a partir de nossos modelos possam ajudar tanto na prevenção, identificando áreas de risco, quanto no combate de incêndios, otimizando as atividades das brigadas e bombeiros”, concluiu Ubirajara.
Sobre o projeto 
O projeto Desenvolvimento de Sistemas de Prevenção de Incêndios Florestais e Monitoramento da Cobertura Vegetal no Cerrado Brasileiro foi financiado na forma de doação pelo Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD).  
Fundep é responsável pela gestão financeira, material e pessoal desde o início da vigência do projeto, em 2016realizando pagamentos, aquisições e contratações. A Fundação atende e executa as ações em cooperação técnica com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 
O montante gerenciado pela Fundep contempla mais de US$ 9 milhões e envolve diversos times, como os de Centro Integrado de Atendimento, Prestação de Contas e Compras. “A participação da Fundação se deu a partir da indicação do coordenador do projeto, prof. Ubirajara Oliveira, que já havia trabalhado conosco em outras ocasiões”, conta Fabiana Barcelos, integrante do time de Projetos Externos. “É gratificante ver o quanto crescemos juntos durante a execução deste projeto tão relevante e desafiador, que projeta a atuação da Fundep a níveis nacionais e internacionais”, concluiu.
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