Técnica já rendeu Prêmio Nobel em Química a pesquisadores e revolucionou o estudo de nanoestruturas biológicas. Centro de Microscopia da UFMG realizou a iniciativa com cientistas renomados da pesquisa da Europa, China, Japão e Brasil
A criomicroscopia, técnica que permite a visualização de vírus, bactérias, células e tecidos vitrificados, ou seja, congelados em seu estado natural, foi pauta do workshop “Criotécnicas de microscopia eletrônica como ferramentas para elucidação de processos biológicos”, realizado pelo Centro de Microscopia da UFMG, dos dias 3 a 7 de dezembro de 2018. A Universidade recepcionou dez cientistas internacionais que são referências na técnica, que revolucionou o estudo de nanoestruturas biológicas invisíveis ao olho humano e já foi o mote do Prêmio Nobel em Química.
A criomicroscopia tem permitido ampliar a compreensão dos processos biológicos e o desenvolvimento de novos fármacos. Além disso, a criomicroscopia possibilita a obtenção de imagens tridimensionais de células, organelas, complexos proteicos e até mesmo moléculas individuais, com qualidade inédita e escala quase atômica.
O encontro em Belo Horizonte teve como proposta estimular o uso de criotécnicas em microscopia eletrônica pelos pesquisadores do Brasil e de toda América Latina, além de contribuir para o desenvolvimento da pesquisa científica e tecnológica.
Programação
As sessões práticas abordaram os tópicos: congelamento rápido por imersão (plunge-freezing), congelamento por alta-pressão (high-pressure freezing), criosubstituição (freeze-substitution), crio-ultramicrotomia (cryo-ultramicrotomy), criofratura (freeze fracture), e tomografia (tomography). As aulas foram realizadas no Centro de Microscopia da UFMG, que conta com infraestrutura completa e é um espaço multiusuário e multidisciplinar com padrão de excelência internacional.
Nas palestras, cientistas de instituições do Reino Unido, Suíça, França, Suécia, China e Brasil apresentaram temas como a história da criomicroscopia e como tem sido utilizada para ampliar o conhecimento sobre doenças tropicais, estrutura de vírus, a interação de parasitas com hospedeiros em doenças tropicais, o estudo de vírus que afetam crescimento de plantas, assim como novas possibilidades em criomicroscopia.
Participaram do workshop cerca de 70 pessoas, entre pesquisadores de Instituições de Ensino Superior, Centros de Pesquisas e Empresas; estudantes de pós-graduação e de graduação.
Centro multiusuário e multidisciplinar para Pesquisa & Desenvolvimento
O Centro de Microscopia da UFMG é um centro multiusuário e multidisciplinar com padrão de excelência internacional, com infraestrutura em microscopia eletrônica, iônica e de varredura por sonda, e microscopia óptica e de fluorescência, para realização de atividades de pesquisa e de base tecnológica. Após três anos de investimentos na aquisição de equipamentos e no treinamento do corpo técnico-científico, o Centro está em fase de abertura da sua infraestrutura específica em criotécnicas para a comunidade científica, sendo a primeira desse tipo em Minas Gerais e uma das três existentes no Brasil.
Recentemente qualificado com Centro Nacional Multiusuário pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Centro de Microscopia recebe, atualmente, mais de 800 pesquisadores, 1200 alunos de instituições de todo o país e 80 empresas, especialmente nas áreas de mineração e metalurgia, siderúrgicas, indústrias do setor de microeletrônica, de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia, de transformação de bens de consumo, hospitais e laboratórios de análises. “A facilidade de acesso e a qualidade das instalações e da equipe são os principais diferenciais do Centro de Microscopia da UFMG”, destaca o diretor, professor Wagner Rodrigues.